Somos 7,125 bilhões de habitantes no planeta, e em alguns momentos nossa alma experimenta sensações profundas de solidão. Nem bom nem ruim, só dolorido. Existe vários tipo de solidão, mas a tristeza que rodeia esta sensação é a constatação clara de que por mais que nos ocupemos com distrações externas e com outras pessoas, estamos em uma viagem solo. Temos um desejo incessante de evoluir, de buscar a plenitude e Luz, e mesmo acompanhados em alguns momentos sentimo-nos sós. Sós em nossos pensamentos, a sós com nossa história e em uma estranha caixa desconectada do mundo. Quem nunca se sentiu assim? Esta é uma das razões pelas quais algumas pessoas não suportam o silêncio.
Existe diversos tipos de solidão e acredito que ela seja necessária para a alma humana. A solidão do abandono, solidão a dois, solidão da transição, solidão da ruptura. Não me refiro a relacionamentos e sim às diversas rupturas que temos que fazer de tempos em tempos nas nossas vidas. Em algum momento o ciclo acaba, e temos que aceitar a “morte” de alguma coisa para criar o recomeço. Neste momento, a impermanência da vida nos encara, de perto, e confronta todas as nossas falsas e apegadas teorias.
Existe ainda um sentimento mais profundo, ligado a estar longe de casa. No silêncio da meditação ou da prática do yoga, por muitas vezes minhas lágrimas transbordaram e poucas vezes entendia o que acontecia. Um sentimento de dor tomava conta, de fragmentação, de desconexão. Conversando com uma grande amiga, minha irmã em espírito e professora experiente de yoga, ela me disse: “é sua alma sentindo saudade de casa”. Da verdadeira casa, a da alma. Somos todos Um, parte de um todo, do universo cósmico. Por um período, estamos neste mundo limitado, e a saudade inconsciente do mundo maior aparece. Na vida rasa que criamos achamos que estamos em depressão ou desmotivados. Buscamos respostas simples, entendimento, usamos medicação. Na verdade, deveríamos apreciar estes momentos, ouvir a dor e nos esforçar para ver que recado o silêncio traz. É um grande momento de ouvir a vida, ouvir a essência. Mas há muito ruído no silêncio, então nos distraímos.
Viajar sozinho nos remete a este estado o tempo todo. A mistura entre a dor e o prazer da liberdade se misturam e nos empurram para o estado reflexivo. Poucas pessoas apreciam esta aventura. A maioria sequer considera esta possibilidade. Somos treinados para fugir da dor, da reflexão, da verdade. Nos distraímos da vida porque dói menos.
Alguns adultos decidem pelo período sabático, que tem como principal objetivo parar e recomeçar. Segundo a cabala, de sete em sete anos deveríamos fazê-lo. Mas em um universo consumista e capitalista quem se atreveria? Tenho feito períodos sabáticos menores e acho que também funciona. Penso que o mundo passa por um período muito especial. É chegado o tempo de amadurecer, de criar um mundo do bem, de consciência, colaboração e conexão. Estamos ligados a outros mundos em um universo infinito. Tudo que acontece afeta o todo. Implodimos nosso planeta com nossa ignorância espiritual. Somos imperfeitos demais para um mundo perfeito. Desenvolver-se espiritualmente é o único caminho para entender o fluxo da vida e passar para o próximo estágio. Não é mais sobre ter e sim sobre quem queremos e devemos ser de agora em diante.
A sensação de solidão entrará em nossas vidas de vez em quando. Familiares são as grandes testemunhas de nossa história, mas cada ser deste núcleo tem sua própria história. Filhos crescem, expandem e tem suas próprias vidas. Amigos são companheiros de jornada, assim como amores e colegas de trabalho. No fim, estamos a sós com a magia do universo, e ele nos cobrará maturidade interior. Mesmo que doa passe um tempo sozinho, em silêncio, ouvindo a conversa da sua essência e do universo. Deixe o tabuleiro da vida se movimentar e observe. Tenha planos e desejos, tome decisões, e em harmonia com a energia maior, movimente-se. Esta é a grande mágica da vida e do viver com plenitude.
Dica: se houver dúvida, a resposta é não.
Comportamento: faça uma das refeições do dia em absoluto silêncio. Sinta o sabor do alimento.
Pelo mundo: no Japão, as mulheres administram o dinheiro da casa.
