Um olhar sobre o Ciclo da Mudança

por | set 18, 2017 | Sem categoria

Conteudista convidada: Eva Hirsch Pontes, MCC

Navegar no mundo exponencial requer deixar certezas para trás e abraçar o desconhecido de corpo e alma.  No papel, é fácil; na vida real, a coisa muda de figura. Nossos cérebros são programados para interpretar incertezas como ameaças a nossa sobrevivência.  Por isso, reduzir a incerteza diante de tudo o que é novo é tarefa importante para aprender a lidar com a ansiedade natural que emerge quando falamos de mudança.  Por isso, entender que há um ciclo previsível ajuda o líder a entender melhor o seu papel nesses momentos.

O psicólogo sueco Claes Janssen desenvolveu um modelo chamado Os Quatro Quartos da Mudança que ajuda a entender que nossa forma de lidar com a mudança tem etapas distintas nas quais é comum verificar alguns comportamentos específicos de cada fase. Imagine uma casa de quatro cômodos interligados, em que um dá passagem ao outro.  Esses cômodos simbolizam as passagens necessárias para se completar um ciclo de transição.

O primeiro quarto é o do Contentamento, onde a energia é boa e estamos satisfeitos e motivados com o que temos.  É um lugar de satisfação.  Tudo está arrumadinho.  É gostoso ficar lá dentro, é a nossa zona de conforto.  Ou seja, é o lugar da acomodação.

Quando, por alguma razão, esse quarto se desarruma, o próprio ciclo encarrega-se de nos mover para o próximo quarto, o da Negação.  O gatilho dessa mudança de condição pode estar ligado a causas externas – como mudança de contexto, problemas com emprego, relacionamentos etc. – ou a questões internas vinculadas à nossa própria necessidade de desenvolvimento.

O quarto da Negação tem uma característica curiosa: não conseguimos reconhecer que estamos ali dentro.  Para todos os efeitos, não sentimos que fizemos essa passagem.  Emocionalmente, ficamos agarrados à ilusão de que o Contentamento ainda existe e que alguma coisa acontecerá para restituí-lo.  É como se estivéssemos defendendo aquilo que já não existe. As condições mudaram e exigem adaptação. E, se alguém disser que estamos negando, além de negarmos a negação, costumamos oferecer uma lista de justificativas para explicar os “culpados” externos por essa condição que julgamos provisória.  De fato, ela é transitória, já que estamos falando de mudança.  E, como as transições são feitas em movimentos previsíveis, ao invés de voltarmos para o quarto do Contentamento, o próximo cômodo que nos espera é o da Confusão.

Nesse terceiro cômodo, a Negação dá lugar à consciência da Confusão.  É comum estarmos sem foco, precisando mergulhar em nós mesmos à procura da confirmação de nossa identidade que sofre transformações.  É uma fase em que estamos reconstruindo nossa auto-imagem, sabendo e sentindo que precisamos mudar, mas ainda sem entender bem o quê ou como. Essa é a fase em que, geralmente, as empresas buscam as consultorias, para ajudar a construir novas respostas. A tarefa aqui é abraçar o novo, mergulhar de cabeça na aceitação do não saber, para fazer as perguntas que poderão nos ajudar no desprendimento do passado e ver emergir alternativas de ação para o futuro.  Aí, sim, começamos a caminhada rumo ao último quarto.

O quarto da Renovação é o espaço da possibilidade.  É o lugar de se abraçar o novo, de experimentar e conviver com erros e acertos que fazem parte de qualquer nova tentativa.

Quando entendemos esse ciclo, fica mais fácil compreender que a Renovação só vem depois da Confusão.  Não é possível renovar a partir da Negação.  Ou seja, não dá para pular um quarto!

Em que quarto você está? 

Os líderes à frente dos processos inovadores são os primeiros a passar por esse ciclo. Pode ser libertador compreender o modelo para nele navegar com maior serenidade.  Também pode ser útil perceber que, como são os primeiros a viver as etapas, muitas vezes já vivem a Renovação enquanto seus liderados estão passando pelos quartos anteriores. Parece óbvio, mas o pior que se pode fazer diante de alguém que esteja no Contentamento ou na Negação é dizer que ele está resistindo!  Por incrível que pareça, vejo isso acontecer com bastante frequência. O melhor a se fazer nesses casos é demonstrar a quem ainda se agarra ao passado que a mudança não invalida ou desvaloriza tudo o que foi feito até aqui. Neste momento, o recomendável é ajudar todos a enxergarem que a mudança é um movimento adaptativo de resposta ao contexto que está se transformando.  Como qualquer ser vivo, a sobrevivência empresarial depende dessa adaptação ao ambiente.

Da próxima vez que você se sentir confuso, lembre-se, pode não ser confortável, mas pode ser um ótimo sinal de que a mudança enfim começou!

Eva Hirsch Pontes, professora de liderança e Coach MCC pela ICF.

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