Vivemos um Brasil esquizofrênico, mas podemos nos apropriar do nosso futuro
por Jaqueline Weigel, CEO e futurista W Futurismo
Segundo Elza Pádua, o conceito de fractalidade foi exposto por Baudrillard, como uma personalidade que se “perde” em cacos, sem integração nem contato com as suas partes divididas do todo. O ser fractal contém, em cada parte fraturada, o todo. O que parece absolutamente “normal”, na verdade tem anomalias em outras esferas.
O movimento social do Brasil, sob a ótica comportamental, minha expertise durante anos, nos mostra que vivemos um distúrbio coletivo que afeta nossa capacidade de pensar, sentir e de nos comportar de forma alinhada e lógica. Perdemos a clareza e a referência. A esquizofrenia no âmbito patológico é caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contato com a realidade, o retrato atual do país verde e amarelo.
Quem somos, para onde vamos, o que queremos de fato? Por que nosso país vem caminhando para um buraco cada vez maior a cada dia? As respostas não existem e jamais serão exatas.
Sou uma otimista nata, mas confesso que, mesmo ainda tendo esperança a longo prazo, sei que de imediato, estamos sem saída.
A soma de fatores impulsionadores une o desgoverno de décadas, a falta de competência no macro planejamento da vacinação e o baixíssimo nível de consciência ética do nosso povo. Pilares básicos que nos colocaram na rota de possíveis cinco mil mortos por dia, mais confinamento e por longo tempo e no choque do colapso do sistema de saúde atual. Era previsível que chegaríamos aqui.
A estimativa para vacina é a de que o Brasil leve mais de 500 dias para vacinar 70% da população, mínimo necessário para que tenhamos imunidade coletiva, sem considerar problemas que as vacinas podem apresentar e novas variantes do vírus.
Fomos incompetentes nas decisões das ltimas décadas. Nosso presente seria diferente se não adiássemos o futuro todos os dias. O futuro não é previsível, mas emite fortes sinais antes de se manifestar. Enquanto nossa consciência não se expandir, não compreendermos as verdadeiras lições da pandemia, o Covid-19 não recuará. Compreender significa ressignificar nosso modo de vida, nossa forma de trabalho, os negócios e nosso discurso. Estamos cansados de discursos vazios de ódio, com argumentos unilaterais e de gente que no fundo, é tão pequena e insegura, que para impor sua razão agride quem pensa o vê as coisas de forma diferente. Sujeitos que precisam de terapia, não de debate.
Na era da liberdade podemos tudo, mas não devemos qualquer coisa. Nossa liberdade ainda é vigiada, porque não temos responsabilidade suficiente para usá-la plenamente. A esquizofrenia paralisa, é preciso encontrar um significado e uma rota lógica para tudo que estamos vivendo.
Não estamos no controle, mas somos parte do problema. Qual é a parte que você pode ajudar a resolver neste momento tão dramático do mundo? Pare de reclamar, trabalhe pelo futuro.
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