O planeta está cozinhando. Precisamos cortar a emissão de CO2 pela metade, usar a energia de forma menos nociva e conectar os temas políticos, sociais, tecnológicos, econômicos e ambientais na mesma discussão para que possamos criar estratégias mais robustas e com mais sustentabilidade frente às mudanças do mundo.
Vivemos intensamente a era 4.0, que quebra paradigmas e promove a descontinuidade de quase todos os modelos vigentes até agora em nosso planeta. Além de inovação, precisamos incluir no debate a ética e sustentabilidade em todos os aspectos humanos.
“Inovação”, “disrupção” e termos como “exponencial” viraram moda, mas nossas pesquisas de campo mostram que poucas pessoas realmente sabem o que são estes termos, suas origens e o que significam exatamente na prática.
Somos analfabetos perante o futuro que se aproxima.
No meu vocabulário, pós estudos no Finland Futures Research Centre, troquei os termos inovação por transformação, disrupção por possível descontinuidade e exponencial por sustentável. O termo exponencial vem da geometria originalmente, e da computação na era tecnológica. Moore observou que o mesmo recurso produzia o dobro em determinado tempo, e hoje tecnologias exponenciais são aquelas que produzem o dobro com a metade do recurso.
Ecossistemas de inovação fervilham de novidades, novas startups nascem a cada dia e discursos colonizadores povoam as redes tentando determinar nosso futuro ou nos convencer de que a tecnologia é a base do novo mundo e o centro de tudo no momento atual que vivemos.
O Projeto Millennium, em seu ultimo relatório, traz inúmeros alertas sobre a situação do nosso planeta. Estamos em alerta não em festa!
Mágicas tecnológicas não salvarão nosso mundo repentinamente como se anuncia nos centros de tecnologia avançada e espaço. Esta é uma versão do futuro, que é sempre plural e imprevisível.
A razão pela qual a mudança se tornou acelerada tem a ver com os alertas que insistimos em não ouvir, que avisam o mundo da urgência para reverter o atual estado, ou podemos entrar em colapso.
Seremos 10 bilhões de pessoas e tornou-se insuportável e insustentável o modo como vivemos. (Leia sobre a inovação humana neste artigo)
Sustentabilidade: o conceito da era 4.0
Diminuir emissões de CO2, discutir o stress hídrico, adequar o uso da energia, diminuir o uso do plástico são desafios que trazem claros anúncios da extinção de indústrias e negócios fomentados apenas pelo capitalismo predador que geram impactos negativos no planeta.
Esta é a grande chamada para mudança global e não o oba oba em torno da tecnologia. Tecnologia é a ferramenta pela qual construiremos um novo mundo sustentável para nossa geração e para as gerações futuras.
Jovens são sonhadores por natureza, sabemos disso, mas o futuro vem sendo apresentado e discutido de forma imatura e irresponsável, inclusive por renomados centros de empreendedorismo e inovação.
O que me surpreende é o quanto as pessoas embarcam massivamente nos novos credos da era 4.0. Fórmulas padrão, discussões rasas, decretos, previsões e distopias por todos os lados.
Até quando vamos manter o foco no curto prazo, na superfície das coisas, nos modelos importados que nos colonizam há tantos séculos?
O Brasil está muito mal colocado no ranking de inovação do mundo, talvez porque nossa lição de casa seja parar de copiar, ampliar nosso olhar, e criar macro estratégias para que o país e os negócios sejam capazes de se transformar de verdade para responder aos desafios do novo mundo.
A revolução está aí, é inegável. Vejo muitos movimentos de sustentabilidade consistentes e muita onda em torno do assunto. Não compre idéias prontas, alfabetize-se e crie caminhos acelerados mas consistentes.
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Por Jaqueline Weigel