Futures Studies e Foresight: entre potencial transformador e a banalização do futuro

por | maio 16, 2025 | Cenários, Estudos de Futuros, Futurismo, inovação, Strategic Foresight, Tendências

Jaqueline Weigel, 15/05/2025

Os temas do futuro estão em tudo. Importante separar temas que formam a tapeçaria moderna e nos ajudam a explorar o futuro da disciplina que estuda e explora futuros alternativos.

#Foresight não é sobre previsão, Inteligência Artificial, inovação. É uma arte, que usam métodos robustos de mapeamento de sinais de mudança e de exploração de possibilidades plurais de futuros. Sim, futuroS, no plural.

A distinção entre Estudos de Futuros e Foresight é importante, e preparar-se para múltiplos futuros é central, mas ainda amplamente mal compreendido.

Estudos de Futuros (Futures Studies) surgiram como uma disciplina transdisciplinar voltada à exploração sistemática de possibilidades futuras, baseada em metodologias que integram análise de tendências, incertezas, sinais fracos, forças motrizes e cenários alternativos.

Já o Foresight é a aplicação prática dessas abordagens para orientar decisões estratégicas no presente. Ambos se distanciam de qualquer tentativa de prever o futuro de forma determinista — e se concentram na capacidade de imaginar e construir futuros desejáveis. Saiba mais

O cenário global: avanços e sofisticação

Globalmente, os Estudos de Futuros vêm ganhando tração com instituições como a UNESCO, OECD, ONU, Institute for the Future (IFTF), Metafuture, Nesta UK, FFRC de Turku, Dubai Future Foundation, entre outras. Países como Finlândia, Singapura, Coreia do Sul, Emirados Árabes e Austrália integram Foresight a políticas públicas, educação e inovação.

Esses centros valorizam o uso rigoroso de métodos como:

•           Cenários exploratórios e normativos

•           Análise Causal em camadas (CLA, de Inayatullah)

•           Modelos de decisão e backcasting

•           Delphi, análise de redes, e futuros emergentes

•           Enviromental e Horizon Scanning

•           Futures Wheel, Tree Horizon, etc.

Nesses ecossistemas, Foresight não é show de tendências, nem ferramenta de marketing. Éalfabetização de futuros (Futures Literacy) — uma competência estratégica que amplia a liberdade de imaginar e agir. Importante também saber o que NÃO É Futures Literacy, que por aqui boutiques famosas vem usando de forma inapropriada em suas narrativas.

O cenário brasileiro: potencial inexplorado e desvios preocupantes

No Brasil, apesar de avanços pontuais, ainda vivemos um cenário fragmentado, superficial e por vezes antiético.A W Futurismo, referência no assunto no Brasil.

Problemas recorrentes incluem:

Confusão entre “tendências” e “futuros”: Muitos eventos ou cursos sobre “futuro” reduzem-se à repetição de buzzwords tecnológicas — IA, blockchain, metaverso — sem qualquer método de análise crítica.

Profissionais despreparados: Influenciadores e “gurus” autodeclarados futuristas propagam discursos rasos, com zero base metodológica. Isso compromete a credibilidade do campo.

Cursos com abordagens distorcidas: Proliferam formações que usam termos como “foresight”, “futuring” e “futures thinking” sem qualquer referência aos marcos teóricos fundadores (Inayatullah, Milojević, Schultz, Dator, Masini, Malaska, Bishop, Ramos etc.).

Associações e instituições com práticas antiéticas: Algumas entidades se dizem representantes do campo, mas operam com conflitos de interesse, apropriação indevida de conteúdos e exclusão sistemática de vozes relevantes.

Foresight não é show: é educação estratégica

A banalização do campo se torna um risco quando Foresight vira palco para “espetáculos” de tendências. Diferentemente de shows impressionantes, o verdadeiroForesight:

•           Forma pessoas críticas, não consumidores de visões prontas;

•           Conecta dimensões éticas, culturais, ambientais e políticas às decisões;

•           Amplia a capacidade de imaginar o que ainda não existe, mesmo que improvável;

•           Exige rigor metodológico e responsabilidade coletiva.

A profissionalização do tema

Foresight cumpre um papel social e estratégico. Regulamentar a profissão de futurista ou Foresight Practitioner talvez não seja o caminho. Melhorar a qualidade da informação e educar o mercado comprador é essencial. Em diversos grupos e comunidades, de Federação a Associação, e as questões éticas e o oportunismo estão sempre presentes, que deixam estas iniciativas bem frágeis no longo prazo.

Profissionais de futuros sem formação, que usam métodos desconhecidos ( autorais e duvidosos) e que não separam os temas da moda da disciplina são perigosos para o mercado local. Conheço futuristas da moda que não conhecem um método sequer, e que se formaram em centros de tecnologia e espaço, ou anunciam formação em lugares que não oferecem formação alguma. Fraudes, como em tantos outros segmentos.

Para melhorar o cenário local, é necessário:

•           Reconhecer e valorizar as escolas sérias de pensamento futuro;

•           Exigir formações baseadas em métodos reconhecidos internacionalmente. Não se inventa método nem é possível usar receita de bolo para explorar o futuro sempre da mesma forma;

•           Respeitar códigos de conduta e ética profissional, com transparência;

•           Criar redes colaborativas abertas e não-excludentes;

•           Trazer o Foresight para políticas públicas, inovação e educação de forma estruturada.

Foresight como cultura organizacional e cidadã

Mais do que ferramenta de gestão, a W Futurismo acredita que Foresight precisa ser incorporado comocultura— nas empresas, governos e comunidades. Isso exige tempo, humildade e compromisso com o coletivo.

O futuro não é um lugar que se descobre: é um campo que se constrói.

O futuro merece respeito!

Falar de futuros é um ato político, ético e educacional. Reduzi-lo a tendências de mercado é empobrecer seu potencial de transformação. O Brasil tem talentos, mentes críticas e criatividade de sobra para se tornar um polo em Foresight genuíno. Mas isso exige coragem para romper com a superficialidade e compromisso com a profundidade. O futuro não precisa de gurus. Precisa de praticantes preparados, organizações éticas e comunidades que pensem além do agora.

Práticas éticas em Foresight:

•           Referência a marcos teóricos reconhecidos (ex: Inayatullah, Schultz, FFRC)

•           Clareza conceitual entre Foresight, tendências e previsão

•           Inclusão de múltiplas vozes e diversidade de perspectivas

•           Uso de métodos críticos, não apenas inspiração

•           Transparência na finalidade e uso do Foresight

•           Formações com base metodológica e não apenas motivacional

•           Crédito adequado a fontes, autores e escolas

•           Evita apropriação indevida de conteúdo de terceiros

•           Abertura a redes colaborativas e diálogo entre pares

•           Conexão com impacto social, ambiental e ético

Conheça aW Futurismo, consultoria e cursos de Estudos de Futuros e Foresight

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