por Daniel Augusto Motta
Você sabe muito bem do que estamos falando aqui. Após muito esforço, você conseguiu! Você é um(a) grande executivo(a) de uma grande corporação ou até mesmo você conseguiu construir uma empresa sólida como empreendedor(a).
As pessoas olham para você com admiração (alguns poucos com inveja inofensiva). Outros consideram suas palavras verdadeiras pílulas de sabedoria. Você conquistou uma reputação inquestionável entre seus pares na comunidade de negócios, entre seus familiares e entre seus amigos.
Vocé é uma pessoa especial!
E então… você simplesmente não consegue avançar mais.
Não há explicação óbvia e convincente. Ninguém consegue responder a uma indagação trivial: Como alguém tão especial como você não manteve uma trajetória tão estrelar após ter alcançado um patamar bem acima da média?
Bem… já vivi o suficiente para conhecer executivos(as) e empreendedores(as) de diferentes tipos, mas com um traço em comum: serem geniais!
Ser genial é bem complexo. Todas as questões devem ser respondidas. Todos os recordes devem ser ultrapassados. Todas as barreiras devem ser vencidas. Todas as angústias perfeitamente sanadas. Todos os mortais devem ser acolhidos.
De repente, não mais que de repente, o sucesso inebriante de se perceber genial é irresistível. Afinal, ser alguém especial dentre bilhões de almas errantes é bem atraente e para poucos escolhidos.
Mas ser genial também é desesperadamente solitário. O gênio que se sabe genialmente auto-suficiente simplesmente não consegue estimular aqueles ao seu redor. Para especialistas, talvez não seja um problema insuperável. Para líderes, a armadilha é grande, pois seu impacto será certamente limitado.
Na perspectiva da liderança essencial, genial é despertar o potencial dos gênios ao seu redor ao invés de sufocá-los com seu brilho próprio. Ser genial é se posicionar como coach, ao invés de desbravador de trilhas. Ser genial é saber respeitar os limites e as preferências dos demais. Ser genial é saber-se comum justamente por ser tão especial quanto todos os outros especiais.
Pensem nisso, gênios indomáveis! Afinal, quem deseja ser um gênio da lâmpada em uma ilha de excelência milhas longe da civilização?
__________________________________ Daniel Augusto Motta é Doutor em Economia pela USP, Mestre em Economia pela FGV-EAESP e Bacharel em Economia pela USP. É Sócio e Presidente Executivo da BMI Brazilian Management Institute. É Membro-Fundador da Sociedade Brasileira de Finanças. É Membro do World’s Most Ethical Companies Advisory Panel. É Professor de Economia, Estratégia e Liderança na Thunderbird School of Global Management e Fundação Dom Cabral. Foi Professor de Pós-Graduação pelo Insper, FGV, ESPM e PUC-SP. É autor de diversos artigos publicados pelos jornais Valor Econômico e Folha de São Paulo, e também tem dois artigos publicados pela Harvard Business Review Brasil.