Tenho o privilégio de conviver com pessoas de diferentes modelos mentais e de diferentes ecossistemas no Brasil e no mundo, e aprendi, através dos estudos de Psicologia Positiva e Física Quântica, que somos aquilo que pensamos. Escolhemos onde colocar nossa atenção.
Este é o poder transformador que define o que somos ou que seremos daqui para frente.
A atenção do brasileiro está excessiva em torno da crise, da corrupção, da estagnação. Não voltaremos ao cenário de 2014 e, sem mudar nosso modelo mental e nossa visão de mundo, demoraremos ainda mais para fazer a roda girar novamente.
Pessoas com pensamento linear ainda são predominantes e não terão capacidade de competir de forma acelerada com o mundo exponencial. Para construir o novo Brasil que desejamos precisamos nos tornar novos brasileiros, que colocam o foco no futuro e nas soluções, não apenas naquilo é hoje ou nas mesmas fórmulas que nos trouxeram até aqui.
O movimento da mudança
Muita gente já entrou no movimento de mudança e reconstrução do mundo. Temos grupos avançando rápido, tanto que no Singularity University Global Summit deste ano a maior delegação foi a brasileira.
O que nos falta para sair do buraco? Pessoas que hesitem menos e que decidam de forma rápida, que assumam risco e, principalmente, que abram espaço para que novos modelos aconteçam. Este é nosso gap: nossa liderança linear não está priorizando a inovação.
Entre os grupos atuais temos tribos diferentes:
- The Walking Deads: pessoas ainda lineares que sequer sabem do que se trata o mundo exponencial. Duvidam e fazem pouco caso do que está por vir;
- The Zumbi Land: pessoas que tem uma vaga noção de que o mundo está mudando, mas imaginam que tudo isto está distante da nossa realidade, então continuam no piloto automático da vida;
- Curiosos iludidos: que acompanham tudo, mas de fato não fazem nada sustentável com a informação que recebem;
- Iniciados digitais: que já sabem um pouco sobre o novo mundo e vivem as novidades como parte de sua realidade. Buscam mais, trazem mais gente, compartilham o que aprenderam;
- Guias: sabem bastante, têm clareza que aprenderam algo importante, buscam o novo todos os dias, navegam compartilhando e criando comunidades de mudança, são ativos no movimento futurista e atuam como influenciadores na construção de uma nova realidade para o mundo e para o Brasil;
- Experts: pessoas que levam o estudo a sério, que têm conceitos claros bem fundamentados e que sabem claramente do seu papel nesta jornada de transição do mundo;
- Cidadãos do mundo: que estudam, participam, ensinam, trabalham, empreendem, arriscam e participam do movimento de forma colaborativa e influenciadora. Lideram de fato a mudança, não só a espuma.
Qual é a sua tribo?
O que falta para que você passe para o nível seguinte? Segundo John Hagel, a mudança não é racional, é emocional e espiritual. Transcende nossa mente e vem de um lugar muito maior do que nós mesmos.
Existe um estudo chamado TTM (Trans Theoretical Method), que ensina sobre os estágios da mudança e tem muito a ver com as classes acima. Mudança é processo que começa pela mudança de modelo mental e pela consciência de que há algo a ser transformado.
Precisamos com urgência de brasileiros que fomentem um novo tipo de pensamento e unam pessoas em torno do redesenho da nossa cultura como povo.
Cultura é a soma de comportamentos eleitos ou adotados por um grupo, e torna-se algo forte quando acontece naturalmente. Grupos se identificam com coisas similares e multiplicam ideias e conhecimento. É assim que a mudança abstrata acontece e é assim que novos formatos se tornam realidade.
Do aspecto da neurociência, temos tempos diferentes para reconhecer fatos comuns, por isso o despertar acontece de forma diferente para cada um de nós.
Os early adopters são sempre os grandes agentes de mudança e, mesmo exaustos, carregam 90% da população até que os demais despertem e se engajem na causa. Só então a mudança acontece e o novo fica mais forte que o antigo padrão cultural.
Por um novo Brasil
No Brasil, precisamos eliminar o sistema obsoleto e nocivo ao país. Precisamos colocar mais energia na construção do novo Brasil. Estudos mostram que falar do problema não o resolve. É preciso colocar atenção no que funciona e na descoberta de novas possibilidades. Isto é coaching puro.
Tenhamos esperança de que vamos varrer a corrupção e a classe politica obsoleta do mapa. Não cabe mais continuar votando no tipo de politico que nos trouxe até aqui. Nós somos a mudança.
No cenário empresarial, o grupo que hoje detém o poder e o recurso, pensa demais em cenários econômicos e previsões políticas para tomar decisões e destravar o sistema que vem sendo disruptado rapidamente.
Previsões são adivinhações e este é o típico modelo mental linear. Somente 10% dos conselhos corporativos de hoje entende a era digital, e este grupo sênior imagina que a disrupção chegará depois da sua saída do mercado.
Com a longevidade, há uma boa chance de que o mercado mude rapidamente e que as saídas planejadas há anos sofram colapsos antecipados. Aos presidentes de empresas, minha pergunta: que legado você deixará?
Você está agindo de forma responsável com as pessoas que estão sob seu comando? O que fará em 5 anos que tenha valor já que a aposentadoria deixará de existir? Você fará algo memorável enquanto é tempo?
Precisamos nos unir para acompanhar e liderar o movimento de mudança do mundo. O Vale do Silício não é o centro do mundo, mas é um dos lugares especiais onde coisas boas estão acontecendo.
Para começar a fazer parte do grupo que já trabalha para construir um novo país, comece pensando como pensa um cidadão do mundo: o que eu posso fazer para ajudar o planeta a tornar-se um lugar melhor?
Escolha seu grupo, crie sua trilha, não adie. Assim como na série Game of Thrones, o Rei da Noite governa uma legião de hipnotizados em uma luta vazia. Sabemos que ele não é o mocinho da história.
Os mocinhos do Brasil serão os inconformados e os corajosos. Desperte, e não adie mais sua entrada no mundo exponencial. Precisamos de você.