Entrevista feita por Jaqueline Weigel com redação em Português de Angola.
No Brazil Futures Summit, o aluno internacional da W Futurismo, Adalberto Ninguica, de Angola, nos falou das dificuldades de pensar em futuro em um pais que sequer completou as revoluções anteriores. Enquanto carros autônomos são o futuro preferido de alguns, condições básicas de vida são o desejos de muitas populações ainda vulneráveis.
1. O que fez você decidir vir estudar futuros no Brasil?
Em 1° lugar, quero agradecer à Deus por esta oportunidade que me é dada, para me dirigir a tão ilustres palestrantes, participantes e convidados. Os meus agradecimentos ao convite que me foi formulado pela Equipe da W Futurismo, Liderada pela Jaqueline, aproveito para estender também os meus agradecimentos a todos os Digníssimos Palestrantes, a maior parte deles são meus Professores e Mentores, a todos os Participantes, muitos deles Amigos e Colegas de sala e de trabalho o meu muito obrigado. Um agradecimento particular e especial a todos os Professores e Alunos da 3ª Turma de Certificação Internacional de Foresight Estratégico recentemente realizada pela W Futurismo e pela Perspektiva.
Falando um pouco de mim e das minhas origens, vos falo do outro lado do oceano atlântico, a partir de África, mais concretamente a partir de Angola, hoje estamos aqui todos juntos, em mais uma iniciativa louvável da W Futurismo e seus parceiros; para vos falar desta experiência, deste aluno, que em Janeiro de 2020, decidiu atravessar o oceano para aprender a disciplina de Estudos de Futuros, no Brasil.
Porquê? Porque, embora compreenda que a minha história de vida foi forjada por um mindset programado para o Modelo Linear e Convencional. Sou um eterno inconformado, um estudioso incansável, e busco sempre novos paradigmas e novas tendências. O facto de ter em Angola, modelos como referi anteriormente, mais convencionais, a forma que é feita a gestão das instituições, foi, no meu caso em particular, mais um incentivo, para continuar esta jornada, na busca incessante do conhecimento e das novas tendências, com vista a contribuir para a melhoria do meu País em primeira instância e também contribuir para o mundo que é de todos nós, com respostas e soluções que visam melhorar as organizações que servimos, deixando um legado para as futuras gerações e que tenha impacto na sustentabilidade do nosso Planeta.
As minhas maiores expectativas, enquanto estudante da Foresight foram: conhecer as ferramentas, métodos, modelos para compreender e criar os “futuros”. Bem como fazer o Take off e monitorar a implementação de acções no presente que criam os “Futuros Plurais”.
2. Como o futuro foi útil na sua realidade em Angola e na empresa que você trabalha?
Com as ferramentas e as metodologias aprendidas, agora é que começa o grande desafio, de “Estudos de Futuros”, para a sua aplicabilidade no ecossistema da minha terra, Angola. Depois de atravessar a fase de reflexão, passo a ter que gerir os conflitos internos entre os Genes antigos do Modelo Linear, e dos novos Genes do Modelo Disruptivo e Exponencial, serão grandes os desafios para este, “Estudante de Futuros”.
A situação actual do meu País é de uma recessão económica, que já se prolonga há 4 anos. Somos um país dependente da produção do petróleo primeiramente, e da oscilação do preço desta matéria prima.
Se o que está acontecendo hoje em Angola continuar acontecendo no futuro, que é uma recessão económica sem precedentes, uma dependência total da matéria prima, o petróleo, fraca aposta na: diversificação da economia, nos investimentos com impacto social como: educação, saúde, ciência e tecnologia, na fraca produção interna: de bens e serviços, agravada pela situação de pandemia que afectou o mundo em geral, a Covid – 19.
O futuro que se apresenta como mais provável, é o da Inercia. Angola, estará, uma vez mais, fora dos benefícios da quarta revolução industrial, tal como até hoje ainda não concluimos a segunda revolução industrial, não universalizamos ainda o acesso a electricidade e a água potável, nem a produção de bens e serviços a toda a população. Também até hoje, não concluimos a terceira revolução industrial, temos apenas cerca de 20% da população com acesso a internet.
Angola tem que encontrar o seu lugar como protagonista do novo mundo, o país não pode ficar a margem desta revolução como esteve nas duas anteriores, continuar a ser um país subdesenvolvido, dependente em grande parte da exploração do petróleo. É neste contexto, que o País deve iniciar o lançamento das primeiras sementes sobre o estudo de Futuros em Angola, ajustada a sua realidade sociocultural, tecnológica, económica, ambiental e política.
Temos que manter a confiança que, em tempos de profunda crise como estes que vivemos, uma janela de oportunidade se abre para mudanças no meu país.
3. Qual é a grande mudança de atitude que você recomenda neste momento de colapso global?
E a grande mudança de atitude que esperamos que aconteça e que recomendamos neste momento de colapso global e que se exige a todos nós, é o de consciencialização da nossa – Responsabilidade enquanto cidadãos em fazermos a nossa parte;
– Responsabilidade de encontrarmos o nosso propósito;
– Responsabilidade para que os nossos propósitos, tenham acções com impacto na sustentabilidade do nosso Planeta;
– Responsabilidade para que os investimentos para a sustentabilidade do nosso Planeta, reduzam as desigualdades sociais que ainda existem em quase em todos os países do mundo.
4. Qual é a coisa mais importante na luta pela igualdade social no planeta?
O mais importante nesta luta pela igualdade social no planeta, é e sempre será o amor ao próximo, para que sejam feitos fortes investimentos com impacto social e que criem as mesmas oportunidades para as classes sociais mais desfavorecidas, no acesso a educação, a ciência, a tecnologia e a saúde.
Deus Abençoe Angola, o Brasil e o Mundo.
Muito obrigado à Todos e estamos juntos na construção de futuros plurais sustentáveis para Angola, Brasil e o Mundo.
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