Por Elzo Guarnieri, CEO W – Mentoria Executiva e Coaching Exponencial
Ser um executivo bem sucedido sempre foi um desafio. Ser um executivo bem sucedido, hoje no Brasil, é sem dúvida uma tarefa hercúlea num mundo global que parece cada vez mais instável, cheio de incertezas, repleto de pressões constantes da hierarquia e do mercado para entregas cada vez mais rápidas, com custos mais reduzidos e melhor qualidade; riscos cada vez maiores num ambiente social, político, econômico e fiscal oscilante, somente para mencionar alguns dos fatores presentes no dia-a-dia daqueles que se propõem a dirigir gente e organizações nos dias de hoje.
Entre os maiores dilemas do executivo de hoje podemos elencar, sem preocupação de hierarquizar, alguns exemplos:
- Tempo para pensar
Pensar na empresa e seu desafio pessoal para o futuro que bate em nossa porta; refletir sobre como tratar e melhorar as condições de trabalho de seus colaboradores; imaginar como motivá-los numa situação econômica bastante errática; ponderar sobre como dar atenção de qualidade a si mesmo e a sua família, que o pressiona para que haja um equilíbrio e harmonia entre sua vida profissional e sua vida pessoal. - Tsunami de informações
Em um mundo onde a Internet e as redes sociais reinam soberanas o volume disponível de informações dobra a cada 15 meses, com previsão em um futuro próximo de vir a dobrar a cada 13 horas; tudo isso certamente contribui para trazer dúvidas sobre qual a melhor solução a ser adotada, sobre a veracidade de fatos e informações. Isso cria uma dificuldade de seleção e escolha do caminho a seguir e dos próximos passos.
- Riscos e erros
Arriscar no mundo de hoje parece ser algo apenas para aqueles com espírito destemido e aventureiro, o que poucos estão dispostos a fazer, num ambiente vulnerável como o que vivemos agora. O preço do risco em caso de erro pode ser fatal; então, muitos preferem aquele, “melhor deixar como está!” A gestão de riscos ainda é bastante limitada no ambiente de negócio brasileiro. - Instabilidade no cargo
O tempo permitido para o executivo poder mostrar desempenho e resultados concretos, refletidos no crescimento do negócio a um custo menor, está cada vez mais reduzido e com um nível de pressão cada vez alto. Isso tem consequências na qualidade das decisões tomadas sob pressão, com alto impacto principalmente a longo prazo. - Mudanças rápidas e crescentes das tecnologias
Há uma crescente necessidade de estudo para entendimento, escolha e adaptação das novas tecnologias aos sistemas de negócios, gestão e controle das empresas. Não apenas isso demanda tempo, conhecimento e dedicação para uma escolha e consequente implementação das tecnologias adequadas, mas geralmente acaba-se fazendo mais do mesmo, com algumas melhorias visíveis, sem grandes transformações para o negócio em si. O novo “sistema” acaba sendo a grande mudança. - Atração e manutenção de talentos
Alguns fatores como a mudança e a alta competitividade no mercado de trabalho, envelhecimento da população e o aumento da complexidade dos mercados traz uma demanda extra sobre a qualidade dos talentos já existentes e aqueles futuros na empresa – como encontrar, atrair, engajar e manter talentos onde o “mindset”, valores e expectativas são muito diferentes daqueles com os quais a empresa se acostumou ao longo do tempo. - Modelos de negócios
A falta de flexibilidade, modelos hierárquicos obsoletos, com alto nível de burocratização e resistência à disruptura que seria trazida por modelos de negócios ousados e atuais, aumentam a resistência à mudança e tornam as organizações cada vez menos compatíveis com a velocidade do mercado e as demandas impostas pelos clientes e pela economia. - Fidelização e retenção de clientes
Com mudanças de hábitos cada vez mais aceleradas e exigências de rapidez e qualidade cada vez maiores, o consumidor passou a representar um problema real para as empresas. A tecnologia impacta as tendências do mercado de forma extremamente veloz e o acompanhamento e adaptação a elas não é tarefa fácil para um executivo. Sem inovações significativas torna-se muito difícil responder de forma adequada a esse crescente desafio.
Toda essa complexidade exige um “mindset” e uma postura do executivo bastante distinta da atual. A resposta não está em sistemas de gestão mais complexos e burocráticos, ou em processos atuais ainda mais detalhados, nem mais indicadores de desempenho, ou em treinamentos tradicionais. Todo o contexto de negócios das empresas precisa ser revisto e adaptado aos tempos modernos para que os executivos possam também se disruptar e ficarem em harmonia com o mundo futuro dos negócios, onde os dilemas aqui abordados teriam soluções simples, fortes e profundas.