Por Jaqueline Weigel, pesquisador de futurismo, Coach PCC e professora de liderança
Que há recessão, desemprego e crise ninguém duvida. Com exceção do agronegócio, todo mercado foi afetado. Temos que ser criativos e viver com menos. Uma lição dura que gera grande crescimento e largo aprendizado. Muitos negócios estão fechando suas portas, administrando crises ou em fase de recuperação judicial. Espaços vazios, equipes enxutas, revisão de processos em alta. Pobres dos investidores que acharam que comprar imóveis para alugar e ter receita futura era um bom negócio. Os espaços ficarão cada vez mais vazios e o formato nômade ou compartilhado terá cada vez mais adesão.
Todas as empresas ativas no mercado deveriam rever seu modelo de negócios, seu posicionamento, sua estrutura e espaço, seus produtos e serviços. As grandes empresas são mais lentas neste movimento, e a conta a pagar é mais cara. Os médios negócios vão levando, e correm altos riscos de não permanência se não repensarem sua forma matriz de existir.
Há novos players no mercado, velozes, avançados, trabalhando na abundância não na escassez e desafiando a concorrência. Boas ideias, capital, qualidade de atendimento e serviço não são mais suficientes para perpetuar uma empresa na era digital. O mercado mudou, o consumidor alterou sua forma de comprar e usar os serviços e as startups estão quebrando todas as regras dos antigo e obsoleto modelo industrial, com hierarquia e caixinhas departamentais.
Em tempos de inovação, formatos inteligentes e disruptivos surgem em grande e larga escala, e precisam de um novo tipo de profissional no comando. Empresas bem sucedidas a partir de agora não serão mais as que tem muitos metros quadrados, muitas fábricas, milhares de funcionários. O estudo do futuro emergente diz que David ameaça Golias cada vez mais. Pequenos negócios que resolvem os problemas da sociedade e do mundo tomam forma rapidamente. Ideias que impactam milhares de pessoas, que tem escala, valor e preço justo ( leia-se barato).
Como pequenos e médios negócios podem lidar com toda esta mudança?
Há três opções: a. continuar vivendo o dia a dia sem prestar muita atenção na mudança (altíssimo risco) b. tornar-se híbrido, continuando a fazer o que sempre fez mas implementando pequenas inovações (médio risco) c. investindo em um plano de mudança apoiado por estrategistas que conhecem os novos formatos e assumindo para si a gestão da mudança, com a convocação de todas as equipes de trabalho internas (baixo risco). Sabemos que alguns erros são cruciais: achar que não precisa mudar; achar que mudar pouco basta; eleger um time de mudança ou imaginar que este assunto pertence a diretoria; contratar consultores externos da escola velha de negócios.
Pequenos e médios negócios são uma grande força de trabalho no país, mas reproduziram o pensamento industrial de comando e controle, de cobrança e pouca recompensa. Imaginam ainda que seus trabalhadores se comprometerão com pouco e que terão atitudes de donos do negócio, sem que recebam como tal.
Há lição de casa – entender as premissas do mercado de consumo atual: 1. Ter um objetivo que crie impacto social e vá além do lucro 2. Atualizar o modelo de liderança para o modelo de curadoria inclusiva 3. Envolver toda a empresa no desenho das metas, estratégia e planos de ação 4. Oferecer ganhos diretos e indiretos tangíveis e intangíveis para todos que trabalham no negócio 5. Dar liberdade, espaço, e evitar o confinamento para aguçar a criatividade (horário fixo e trabalho somente dentro da empresa inibe a criatividade e só alimenta o lado operacional do trabalhador) 6. Criar pensamento estratégico não planejamento engessado 7. Promover conversas de negócio frequentes para apurar resultados, criar ajustes, enriquecer percepções e garantir que todos os envolvidos estão na mesma página.
Alguns devem estar pensando: não tenho tempo, não sei fazer isto, quem vai cuidar do trabalho se eu fizer tudo isso? A forma como conduzimos nossas empresas até agora não servirá daqui para frente. Arrume tempo para fazer o seu real trabalho: cuidar e pensar no negócio. Decida fazer investimentos chamando especialistas em remodelagem e entenda que desenvolver sua gente não é custo, é ativo. Sem as pessoas a empresa não existe. Há muito trabalho pela frente. Enquanto seu foco for operacional apenas, o risco de não continuar aumenta. Nascem novas empresas todos os dias e há investidores em abundância investindo nestes novos formatos. Olhe para fora de sua janela antes que o cometa tenha passado e seu negócio sequer tenha percebido. Cortar custo não basta para sobreviver. Inovar em alto grau é preciso.