Insistimos em modelos antigos, esta é uma capacidade nata do ser humano. Mesmo que não funcione, insistimos, especialmente quando não sabemos o que funcionaria melhor. Em tempos de complexidade, ensinar passou para outro patamar e aprender na fase adulta tornou-se uma decisão pessoal. Para adultos nada é ensinado, ele aprende se decidir que irá aprender, e o faz porque é necessário ou porque o tema despertou curiosidade. Crianças modernas questionam, pesquisam, acessam a internet e conversam com os adultos de forma investigativa. São curiosas, dispostas, aprendizes avançados da vida. Vejo o modelo de educação e escolarização vigente, e apesar de já termos feito progressos, pais e professores insistem em fórmulas fracassadas, que não geram nada além de adultos com problemas emocionais e limitações. A vida passa a ter na fase adulta um grau de dificuldade muito acima do necessário. Participo de uma entidade americana, ligada a ciência da complexidade, e para superar os limites é preciso criar uma forma de aprendizado ativo, onde conceitos dão a base, aprendizes refletem e constroem juntos e um novo conhecimento é gerado, útil, autêntico, co-criado a partir da realidade e da natureza das coisas. Pais reclamam da dificuldade de criar seus filhos, mas quando observados mostram-se completamente despreparados. Professores reclamam da falta de limite das crianças, da velocidade, da hiperatividade, e sequer sabem lidar com questões básicas ligadas ao comportamento humano. A grande verdade é que os pais perderam as rédeas e os professores não encantam mais as crianças, porque se tornaram desinteressantes. Não sabem entrar no mundo das crianças, não entendem comportamentos fora do padrão, classificam tudo em caixas moldes e usam modelos antigos de transmissão de conteúdo muitas vezes inútil. O mais grave, na minha opinião, é a despersonalização da criança, que é naturalmente desenvolvida, e quando colocada em modelos engessados fica disforme. Quando adulta, gasta um tempo e uma energia tremenda para voltar ao estado original, aquele que já foi um dia e que a sociedade tratou de corromper. E a crise acontece: quem eu sou mesmo? Às vezes, adultos gastam uma vida procurando a resposta, que já estava lá nos tempos de criança.