Quantas vezes você já disse que gosta de ajudar as pessoas? Quanta ajuda de fato você oferece aos outros? O que você efetivamente faz para ajudar outras pessoas?
Sabemos que o trabalho voluntário implica em doar-se em benefício do próximo, e constantemente tem sido relatado como a atividade que mais traz satisfação ao ser humano. Qual é a razão disso? Porque doar-se alimenta a sensação de relevância, de contribuição, de fazer a diferença mesmo que por um momento na vida de outras pessoa ou de uma comunidade.
Nossa raiz essencial é egoísta. Nos faz pensar mais em nós mesmos que no todo. Conjuga o “em mim”, o minhas coisas”, “minha opinião”, minha casa,” na “minha família”. Eu, eu e eu. Esta é a natureza da corrupção: o egoísmo. Quando penso mais em mim do que no todo, aceito benefícios e facilidades para que minha vida fique melhor ou seja contemplada. Seres íntegros não se corrompem mesmo que isto lhe custe a vida, porque sabem que a dor da alma será maior. Nossa essência sabe o que é certo e o que é errado, e nos atormenta quando falhamos, mesmo que o saldo bancário seja notável e que o mundo externo nos faça reverência.
Nascemos com o desejo de receber somente para nós mesmos. Nas crianças isto fica evidente. Quando adultos, ao continuarmos com este comportamento, mostramos nossa infantilidade, nosso não amadurecimento, nossa pequenez de alma. O corpo cresceu e a alma não se desenvolveu. No Brasil, esta era a cultura propagada até então: cuide do seu, pense em você, não se preocupe com o vizinho. Não invada a privacidade dele. Às vezes o vizinho precisa de você, que gosta de ajudar pessoas, mas em nome d não invadir o espaço do outro ficamos em nosso mundo egoísta. E de fato, não queremos nos mover da nossa zona de conforto. Não há recompensa. Há sim. A recompensa mais silenciosa de todas: a paz interna, a grandeza de saber que foi importante para alguém. Em termos de solidariedade, fraternidade, amor ao próximo e de estender a mão não há limite. Todas as pessoas deste planeta precisam de ajuda, de calor, de uma palavra, de aconchego. Ninguém está 100% mesmo que tenha sucesso, dinheiro ou uma bela casa.
Ajudar as pessoas é sair de si mesmo, é dedicar tempo, é tomar iniciativa para cuidar do próximo. Qualquer próximo não apenas aquele que habita o mesmo círculo que você.
Alguns adultos da nossa era não aprenderão mais esta lição fundamental para continuar existindo. O mundo novo é complexo e interligado. Se estes adultos pelo menos ensinarem um pouco desta ideia do coletivo a suas crianças, teremos um mundo melhor no futuro. A qualidade humana precisa aumentar. Tornamo-nos zumbis, que não pensam que se relacionam de forma superficial, que vivem a vida seduzidos por coisas fúteis e pela correria do dia a dia. Quantas vezes você para para refletir sobre sua vida? Quanto tempo você dedica percebendo o outro com suas alegrias e suas dores? Quantas vezes você abandona suas coisas para dar atenção a alguém, que muitas vezes só precisa ser ouvido e compreendido?
Relacionamentos saudáveis são criados através de vínculos não de laços familiares ou sociais. Experimente observar a si mesmo e aos outros sem julgamento de valores. Hoje as pessoas desejam apenas deixar de serem invisíveis. Precisamos perder menos tempo com coisas que nos distraem da vida verdadeira. Gastar menos tempo com discussões inúteis sobre quem está certo e quem está errado. É pura perda energia, e energia é vida.
Ao ler este texto, tente fazer duas coisas: pense em alguém com quem você tem afinidade e deixe ainda hoje esta pessoa saber o quanto você se importa com ela. Pense em alguém com quem você não tem afinidade, mas você sabe que esta pessoa não está bem. Deixe-a saber que você está disponível para ouvi-la em silêncio, caso ela assim o queira. Pode parecer que você a está ajudando, mas na visão espiritual, o beneficiado será seu. Esta é a razão pela qual o trabalho voluntário é magicamente descrito por todos que o abraçam. Não haverá sensação de realização íntima e verdadeira se não for através de outra pessoa.