Confira os textos do último Mix Comportamento, de Jaqueline Weigel.
Como lidar com a ansiedade?
Ansiedade, o mal da década. 44% das pessoas classificam seu nível de ansiedade entre 7 e 8, numa escala de zero a dez. É preocupante. O que está acontecendo? Sempre foi assim? Porque estamos tão ansiosos?
É possível que não haja um tempo na história humana que a ansiedade não fosse parte da rotina. Com a complexidade, a velocidade e o volume de informações ao mesmo tempo, é natural que o número de ansiosos aumente.
O que é a ansiedade? Distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle. Os sintomas são: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. O Transtorno da Ansiedade Generalizada pode afetar pessoas de todas as idades, por longos períodos.
É possível identificar alguns dos gatilhos que disparam a ansiedade: necessidade de controle, mente agitada, medo e baixa habilidade de viver o momento presente. Mais do que entender o distúrbio, é preciso perceber onde e como ele afeta nosso dia a dia. E assim, ter a possibilidade de agir de forma menos nociva.
Temos a ilusão de que é possível ter as coisas sob controle, e que se assim for, temos garantias de que tudo sairá como planejamos ou desejamos. O fato é que já esta provado que temos apenas 10% sob nosso comando. Quando a ansiedade aparecer, questione-se: que parte deste evento eu controlo? Você descobrirá que apenas uma parte é sua, e somente nesta parte você pode agir e interagir. O restante trará a você uma oportunidade de aprendizado. Regular as expectativas, lidar com o imprevisto e considerar que a vida tem movimento, este é o seu desafio.
O segundo ponto tem a ver com a imaturidade da mente ocidental, agitada e refém excessivo de estímulos externos. Técnicas orientais como meditação são cada vez mais usadas, porque trazem ao cérebro o poder de relaxar, conectar, concentrar, para que a clareza e o equilíbrio entrem em ação na hora de agir.
Entre outras causas, aparece o medo. São diversos os medos humanos, que se apresentam de formas diferentes. Os medos nos levam para o mundo do “e se…”. E se não der certo, e se o outro não entender, e se acharem que… Hipóteses e suposições dificilmente retratam a realidade, mas aprisionam, limitam e fazem retroceder.
Be present, estar presente. Um das coisas mais comuns é encontrar pessoas que estão no presente que vivem no passado ou em um futuro que um dia poderá chegar. O passado é referência, já passou. Nada se repete, tudo se recicla; inclusive as experiências.
O futuro é uma rota, uma direção, um norte. Deixar de estar no presente é adiar a vida e roubar um tempo precioso. O que temos de realidade é o momento presente. Viver o presente com excelência é a única forma de criar um futuro de pleno.
Tenho notado que pessoas espiritualizadas sofrem menos com crises de ansiedade. Ao desenvolver o lado espiritual, passam a ter um entendimento maior sobre a vida e seus mistérios. A falta de uma conexão maior, aliada às necessidades de controle e às formas de pensar excessivamente mentais são as grandes pegadinhas da vida moderna.
Uma dica: temos medo de tempos em tempos. Não controlamos a vida, meditar é mágico. Passado é um museu para visitas rápidas, e o futuro tem a ver com sonhos. Equilíbrio é uma questão de treino. Para driblar a ansiedade, saiba que ela estará com você até o fim da vida. Deixe-a entrar, relacione-se com ela, e torne-se capaz de abrir uma porta para que ela amenize e dê espaço para serenidade. Além de mais capacidade de viver e trabalhar, você se tornará uma pessoa mais interessante. É muito desagradável conviver com pessoas em surtos ansiosos o tempo todo.
Desmotivação
São vários os motivos para que um ser humano sinta-se desmotivado. Esforço com propósito maior, gera cansaço. Esforço sem sentido, gera cansaço acompanhado de stress. Cada vez mais, é preciso entender que motivar pessoas é uma tarefa difícil. Pessoas têm motivos diferentes para agir ou engajar-se em algo. Ninguém conseguirá motivar o outro se não for capaz de se automotivar, ou de entender o que motiva outras pessoas. Líderes reclamam muito de equipes não engajadas, e da falta de motivação. Minha pergunta frequente tem sido: o que você oferece para que seus colaboradores sintam-se motivados? As metas da empresa? Bônus? Ou apenas mais trabalho?
O que energiza seres humanos é encontrar sentido nas coisas que fazem, no dia a dia ou no decorrer dos anos. No trabalho é preciso dar espaço para que os profissionais se manifestem, mostram quão relevante cada um é no processo, a que grande história estamos ligados, como os talentos e os valores entram em cena, e o que cada um dos integrantes ganha com a evolução do trabalho.
Estrategistas de negócios são excelentes em planejamento, mas são deficitários quando o assunto é mobilizar pessoas. Bons líderes caminham à frente de um grupo, e a equipe de trabalho os seguem, por livre escolha, desejo e inspiração, não apenas por necessidade.
Inspirar pessoas depende de atitudes, não só de exemplos. Ter conhecimento, ou experiência não são mais suficientes há um bom tempo. Pessoas são mobilizadas por causas, por projetos, por sonhos, por desafios, pela jornada e pela remuneração justa.
Há anos salário e benefícios aparecem em quinto lugar nas pesquisas; e aprendizado tem ficado, permanentemente, nos primeiros lugares. Líderes que não geram aprendizado não são capazes de inspirar pessoas.
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