Especialista diz que habilidade não basta. É preciso comprometimento, a clareza do papel e disciplina para controlar a emoção, por Jaqueline Weigel
Coach é um termo amplamente conhecido no universo esportivo. Para os menos habituados, coaching é processo com foco em ação e comportamento. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo e nada!
O termo coaching vem de carruagem, que transporta pessoas de um lugar para o outro, e é isso que um coach profissional faz: leva você do lugar atual para um lugar futuro, melhor que o presente. O termo coach, assim como no esporte, é quem “treina” o jogador, prepara, desenvolve, apoia, motiva. Mas não joga.
Este é um princípio importante do trabalho de um coach: ele não dá respostas nem fórmulas prontas. Ele acredita que o cliente seja portador de talentos e especialista da sua própria vida. Ao coach, cabe extrair o máximo do potencial de seu cliente, de forma consciente, estruturada e prática. Tecnicamente, coaching é o processo, coach o profissional e coachee o cliente. Não há tradução deste termo em português.
E como o esporte pode beneficiar-se desta metodologia tão poderosa e eficaz no mundo dos negócios? Entendemos que talentos físicos são muito importantes, mas não bastam para o sucesso de um atleta ou de uma equipe. Os talentos têm prazo de validade se não estiverem acompanhados de habilidades de comportamento como foco, disciplina, coragem, determinação, reação à adversidade e competência emocional.
A beleza de Gisele Bünchen por si só não bastaria. As habilidades de comportamento, como o comprometimento, a clareza do papel, a disciplina, a determinação foram fundamentais nesta trajetória de sucesso. Se estudarmos a biografia de atletas ou pessoas que se destacaram, veremos que não é questão de sorte, e sim de esforço, do bom esforço.
Outro bom exemplo, é o jogador Neymar. Se ele, bem sucedido tão jovem, pudesse aprender a usar suas emoções com serenidade, provavelmente teria um futuro a médio e longo prazo mais estruturado. A dose de sucesso é excessiva para um menino, e apenas o pai ou o treinador não são suficientes para desenvolver estas habilidades. Psicólogo também não.
O caso dele não é de terapia, por enquanto. Ele passa a impressão de menino centrado, com valores importantes e tem tudo para ter sucesso (a curto, médio e longo prazo), para administrar bem sua carreira e servir de bom modelo a outras pessoas a crianças do futuro.
Só um bom empresário não basta. É preciso que Neymar cresça emocionalmente, de forma prática, inteligente para absorver tudo isso sem se perder em luxúria, crises, conflitos e ambições desmedidas que normalmente acompanham todo este processo.
Diante do nosso cenário, pergunto: Será que nossos atletas estão preparados para os eventos esportivos que o pais sediará em 2014 e 2016? Tenho dúvidas. Penso que se falássemos menos de penteados, fãs alucinadas, glamour e colocássemos o foco na preparação física, psicológica e comportamental, as chances de sucesso aumentariam. Afinal, sediar não basta, queremos fazer parte dos atletas vencedores nesta grande festa.
Acredito que, em curto espaço de tempo, treinadores, preparadores e atletas serão beneficiados por esta poderosa modalidade. Quem sabe assim teremos mais superação e menos crises emocionais para administrar…
Jaqueline Weigel é senior coach executiva formada pelo Integrated Coaching Institute (ACTPSH) da International Coach Federation (ICF) e graduada em Gestão de Pessoas e Gestão por Competências pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela também é especialista em coaching corporativo e executivo e diretora da Weigel Coaching Desenvolvimento e do Núcleo de Coaching da Integração.