Jaqueline Weigel, jornal Gazeta do Sul, 13 de junho de 2022.
Todo crescimento tem um custo, e quando não bem planejado, gera desperdício, atraso e desordem. Além de planejamento, o engajamento coletivo da sociedade é fundamental.
O centro das cidades vem se tornando cada vez mais encantadores. Ruas conceito, bares, restaurantes, lojas, praças, comércio tradicional e o contemporâneo lado a lado e muita vida colorida e abundante brotando por todos os lados.
Não precisamos viajar para ver coisas diferentes, elas hoje vêm para nossas cidades de diferentes formas, e a conectividade possibilitou que o mundo funcionasse sem fronteiras territoriais.
Novos problemas surgem e precisam de endereçamento, para não atrapalhar a vida enquanto transbordamos como sociedade. Mobilidade urbana é uma das grandes preocupações do mundo, e urbanistas e ambientalistas já anunciam que grandes metrópoles precisarão existir sem carros, e demais cidades com o mínimo possível de carros circulando.
No entanto, temos cada vez mais carros, menos estacionamento, mais trânsito e mais poluição, o que vai totalmente contra a direção sustentável que o mundo agora nos impõe.
Segundo o College University de Londres, teremos que substituir os carros nas próximas décadas, por transporte público moderno e transporte alternativo. Esta é uma grande tendência do futuro.
As cidades não podem ser mais construídas em cima de hábitos antigos, ou adaptando a infraestrutura por causa do número de carros de seus habitantes. Em algum momento, tudo trava, inclusive o crescimento. O uso do subsolo e do espaço aéreo serão cruciais para que a mobilidade urbana seja possível.
Todos os atores do nosso sistema precisam trabalhar juntos para orquestrar os desafios que o crescimento causa. Será cada vez mais impossível estacionar na porta da loja, ou estacionar nos centros comerciais gratuitamente. Espaço limitado é um problema de todas as cidades, e a expansão dos centros ainda é possível, mas ela também vem transferindo o problema para outro local apenas, sem resolver a causa em si.
Os governos precisam adaptar a infraestrutura com agilidade e responsabilidade. Os empresários precisam colaborar, e entender que para que tudo fique melhor, há um período em que é preciso perder um pouco para ganhar depois. Ser capaz de adiar a recompensa é característica de quem tem sucesso a longo prazo.
Vivemos uma época onde o ganho coletivo precisa ser maior que o individual. Para o comércio, mais vale pedestres andando na rua do que carros desfilando e estacionados em frente das vitrines das lojas.
O progresso é inevitável, a negação ou a reclamação é inútil. Todos temos responsabilidade. O tempo de um carro por pessoa, parado um, dia inteiro na rua talvez já seja passado. Viver como vivemos até agora já não é mais possível.
Precisamos mesmo ter um carro e deixá-lo vazio o dia inteiro em algum estacionamento? Isso ;é ser sustentável no mundo de hoje?
Tenho sérias dúvidas, especialmente na parte onde cada um precisa abrir mão do seu conforto pessoal.