Temos falado muito sobre o futuro do trabalho e sobre a escassez de emprego. As pessoas relacionam o assunto diretamente à crise, a governo e à estratégias políticas, especialmente aqui no Brasil.
Precisamos parar de falar sobre a crise e assumir a retomada do país em todas as frentes. O ser humano adora dar desculpas para seus insucessos.
Agindo assim, prolongamos os assuntos por tempo demais, e eles acabam tendo mais efeitos colaterais do que deveriam.
Ninguém conhece o futuro do trabalho, porque o futuro é imprevisível, mutante e adaptável. Temos sinais muito fortes de que haverá uma grande mudança no mercado de trabalho em breve e este movimento já teve seu início.
Muitas pessoas ainda imaginam que a entrada da tecnologia, dos robôs e a automação seriam apenas para as atividades mecânicas. Mas nós já sabemos que impactará fortemente também os trabalhos intelectuais, até então, realizados apenas por humanos.
Não vejo isso como um ponto negativo, porque a quantidade de informações e o volume de dados disponíveis hoje é tão excessiva que é impossível para a mente humana processar e usar adequadamente.
Vejo que a entrada dos computadores e da inteligência artificial é uma maneira de conseguirmos lidar com tudo isso. Também de reduzirmos as falhas e de conseguirmos nos dedicar àquilo que só humanos podem fazer: cuidar das relações, usar a criatividade, a parte cognitiva, a interpretação, a filosofia, e colocar o pensamento e as habilidades especialmente em prática com a ajuda da tecnologia. É o trabalho que fazemos todos os dias.
Os robôs ainda não tem capacidade de aprender nesse nível, pelo menos por enquanto. Trabalhar para fazer uma atividade mecânica é subestimar a nossa capacidade.
Os desafios do trabalho no futuro
Diante desse cenário, temos muitos desafios pela frente já em 2019 e nos anos seguintes.
O principal deles é lidar bem com a automação, já prevista para acontecer nos próximos dois anos. Os profissionais têm tempo para preparar-se adquirindo novas habilidades, assumindo novas funções, abraçando novas profissões e novas tarefas.
Mas isso só será possível adquirindo novos conhecimentos, e alfabetizando-se para esse futuro.
Um bom começo é entender melhor o que é e como funciona o mundo digital. Essa é apenas a primeira etapa de muitas transformações que acontecerão nos próximos 20 anos.
O passo seguinte é trocar algumas palavras do nosso dicionário. Precisamos parar de procurar emprego e começar a procurar oportunidades de trabalho, em formatos inovadores.
Emprego sugere sobrevivência, com uso reduzido da capacidade de trabalho. Emprego sugere submeter-se ao confinamento e às políticas burocráticas que atrofiam nossa capacidade, em troca de falsas garantias e estabilidade que já não existem mais. Como consequência, limitamos nossa capacidade de crescer, de nos desenvolvermos e de sermos emancipados na vida profissional adulta. Podemos muito mais do que imaginamos.
O trabalho feliz gera liberdade e, se quisermos esta liberdade, precisamos desenvolver competência para sermos livres e responsáveis.
Pessoas confinadas, com vida garantida, atrofiam suas habilidades. O trabalho rotineiro se automatiza e nossa mente se vicia nessa condição, e passa a ter preguiça de aprender coisas novas.
A preguiça de aprender é natural. Nossa mente adora a zona de conforto, um grande limitador da felicidade profissional.
Vejo que as pessoas que mais têm medo do futuro são aquelas que ainda desejam uma vida garantida, controlada antecipadamente. Mas esta vida na realidade não existe e nunca existiu.
Esse conceito foi uma forma de controlar e manipular as grandes massas.
Culturalmente falando, aprisionamos grandes massas em troca de garantias e direitos e as confinamos dentro de um trabalho que atende a necessidade de poucas pessoas.
São muitos trabalhando pelo mínimo e poucos usufruindo o resultado.
Acredito que o mundo, a partir de agora, deve ressignificar sua existência e o seu modo de trabalhar.
Acredito que a escassez de emprego tem sim um pouco a ver com crise, mas tem também relação com fortes mudanças de modelo.
Muitos profissionais não estão conseguindo recolocação no mercado porque estão procurando postos antigos que já não existem mais, ou formas de contratação que as empresas já não usam mais.
Vejo que muitas pessoas não atualizaram seu repertório, não sabem direito como está o mercado, não acompanham de perto a rota de futuro de seu segmento. Ainda não se tornaram cuidadores do presente e pensadores do futuro.
Se você não sabe para onde vai o seu mercado, como pode decidir qual curso deve investir, por exemplo?
Está na hora de parar de reclamar e começar a criar na prática novas formas de produzir e de manifestar seu talento profissional.
As novas profissões são novas oportunidades de buscar trabalho e não emprego.
O mercado da livre e criativa economia está cheio de gente trabalhando muito bem, com muita demanda. Criando sua receita, trabalhando para mais de uma empresa, para mais de uma pessoa, fazendo mais que uma atividade ao mesmo tempo.
Esses são os Free Workers, que escolhem onde e quando vão trabalhar, e que são altamente comprometidos com causas sociais e entrega de resultados.
É muito difícil afirmar se o emprego irá acabar ou não nos anos futuros. Certamente a forma de emprego como conhecemos tende a ficar cada vez mais escassa.
Acredito que algumas profissões continuarão sim, mas sofrerão mudanças profundas por causa da automação.
Não acredito muito nas previsões radicais que afirmam que todo mundo precisa aprender a programar. Ou que diz que os advogados e médicos serão substituídos por robôs. Ou ainda que deixaremos de ser humanos ou que nos tornaremos inúteis.
Acredito que o trabalho será complementado pelo trabalho dos robôs e da Inteligência Artificial. E o profissional que souber reciclar o seu modelo mental, reciclar o seu conhecimento, e conseguir fazer parte desse movimento, terá muita oportunidade nos próximos anos.
Ainda temos muita coisa para fazer para deixar o nosso mundo um lugar mais digno de se viver.
Temos que trabalhar em conjunto com as instituições e com o governo para que mais pessoas tenham possibilidade de viver com dignidade.
Somente assim poderemos pensar em como levar esse grupo de trabalhadores para outro patamar onde eles também possam usufruir dessa liberdade, dessa prosperidade, desse desenvolvimento contínuo.
Minha dica é: não busque emprego, busque oportunidades. Ou melhor, crie oportunidades de trabalho.
O sucesso agora tem outra fórmula e não está mais ligado apenas a sobreviver, ou a criar uma jornada profissional medíocre.
É tempo de transcender na vida e na profissão, e de contribuir com a construção de um mundo melhor para todas as pessoas.
Jaqueline Weigel
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