Por Jaqueline Weigel, Jornal Gazeta do Sul, 06/04/2020
Não haverá volta ao normal.
Minha disciplina atual se chama Foresight, ou Estudos de Futuros. Não há como prever o futuro, mas é possível analisar sinais de mudança para que instituições tomem melhores decisões e criem ações antecipadas em relação aos futuros que se aproximam. Como não aprendemos a considerar diversos cenários, aqui estamos, reféns de um evento sem precedentes, que não controlamos e cujo impacto pouco podemos amenizar.
Quem está focado em contribuir não tem tempo para discussões rasas na rede social, e talvez muitos discursos revoltados revelem, mais uma vez, a tentativa velada de proteger a si mesmo. Ganhar em grupo significa perder individualmente, e bondade social repentina não existe. Ficaremos um bom tempo em isolamento. Sairemos aos poucos, e é provável que este ano. O foco será curar as feridas e cicatrizes deste evento e restaurar o que sobrou pós pandemia. O mundo jamais voltará ao que era antes. Teremos um novo normal a partir de 2020.
Perante o caos, a sociedade precisa de calma, de maturidade e de senso de responsabilidade. Governantes estão passando por enormes desafios e deveriam emitir mensagens coerentes, que deixem a população segura de que a tríade ciência, governo e sociedade estão trabalhando juntas contra um inimigo comum.
A economia global será impactada e o novo mundo deverá ser realidade em todos os cantos do mundo na metade de 2021, se tudo der certo agora.
O planeta pós-pandemia questionará seus modelos e valores, o capitalismo tradicional, o poder, a política, a ética, a tecnologia, as empresas que só visam lucro, os políticos corruptos e os cidadãos egoístas e nocivos ao equilíbrio da raça humana. A era de poucos vivendo muito bem e muitos vivendo sem o mínimo deve acabar em 2020. O novo mundo dará preferência a energias renováveis, à produção sustentável e ao consumo consciente. O novo mercado precisa de trabalhadores livres, engajados em prestar bons serviços à sociedade e preocupados com o bem estar de todo mundo.
Países têm grandes lições de casa depois desta crise, assim como empresários e trabalhadores, que terão que se transformar rapidamente para lidar com esta nova realidade. Quanto maior for o negócio, maior será a mudança. Pequenos e médios empreendedores sempre levaram a economia, e têm criatividade, resiliência e coragem de trilhar o caminho mais difícil. Temos que absorver o choque, nos recompormos e tratarmos de pensar em quem seremos depois deste evento sem precedentes. Não há mais espaço para discussões tolas que não nos levam a lugar algum. Existem compromissos que podemos assumir coletivamente: fale menos, ajude mais, não leve nada para o pessoal, reinvente-se rapidamente e ofereça ao mundo o melhor da sua própria versão. O resto é perda de tempo absoluta.
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