Jaqueline Weigel – Futurista Global , W Futurismo – 21/06/2025
Qual será o futuro da inovação, que está muito além de apostas, teses e produtização? Para que futuros plurais e de longo prazo a cultura de inovação como foco no médio prazo nos conduzirá?
A inovação, tradicionalmente entendida como avanço tecnológico ou criação de novos produtos, está passando por uma transformação profunda. O que antes era sinônimo de eficiência e vantagem competitiva, agora se amplia para abranger aspectos sociais, ecológicos, éticos e regenerativos.
A incerteza econômica está batendo forte em algumas áreas e cerca de 60% das organizações estão congelando ou reduzindo seus investimentos em inovação, segunda a The Shift ( jun2025). Um erro estratégico, segundo um novo relatório da McKinsey, que mostra como as organizações que mantêm suas apostas em crescimento, mesmo em momentos turbulentos, saem à frente dos concorrentes – e apresentam resultados superiores no longo prazo. Mesmo diante de pressões orçamentárias, um terço dos executivos espera que mais de 25% da receita futura de suas empresas venha de produtos ou serviços que ainda não estão no mercado.
Entre futuros alternativos pós inovação , quais serão os formatos e as consequências?
➤ Futuro da Eficiência Radical (tecnocêntrico)
Inovações emergentes como inteligência artificial generalista, computação quântica, bioengenharia e robôs autônomos conduzem a um futuro onde a eficiência, a automação e a hiperpersonalização dominam os sistemas econômicos e sociais.
Cenário possível:
- Economias digitais dominadas por algoritmos;
- Redução drástica de empregos tradicionais;
- Processos decisórios delegados a sistemas autônomos.
Risco: concentração de poder tecnológico, exclusão digital, perda de agência humana.
➤ Futuro da Regeneração Planetária (ecocêntrico)
A inovação está cada vez mais sendo direcionada para modelos regenerativos, como agricultura circular, materiais biodegradáveis, cidades esponja, tecnologias limpas e design bioinspirado.
Cenário possível:
- Economia baseada em serviços ecossistêmicos;
- Empresas regenerativas como novo padrão ESG;
- Tecnologias que restauram, e não apenas mitigam.
Potencial: restauração ambiental, inclusão social, longevidade econômica sustentável.
➤ Futuro da Inovação Social e Inclusiva (antropocêntrico e plural)
As inovações orientadas à equidade, justiça social e inclusão se expandem como resposta aos limites da inovação elitista e excludente. Inclui-se aí o design centrado em comunidades, tecnologias indígenas, e conhecimento decolonial.
Cenário possível:
- Plataformas de inovação abertas e comunitárias;
- Soluções pensadas com as populações, e não apenas para elas;
- Inovações de baixo custo com alto impacto social.
Potencial: mais coesão social, empoderamento de populações marginalizadas, inovação descentralizada.
2. Como será a inovação a partir de 2030?
A partir de 2030, a inovação tende a se organizar em cinco formas dominantes:
1. Inovação Sistêmica
- Atua em múltiplos níveis (tecnologia, sociedade, política, meio ambiente).
- Usa pensamento sistêmico para desenhar soluções que evitem efeitos colaterais ou soluções parciais.
2. Inovação Ética e Antecipatória
- Baseada em #foresight e ética aplicada.
- Antecipação de impactos de longo prazo e governança de tecnologias emergentes.
3. Inovação Regenerativa
- Vai além da sustentabilidade: visa regenerar solos, comunidades, biodiversidade.
- Integrada aos princípios do design regenerativo e da economia do bem-estar.
4. Inovação Descentralizada
- Movimentos bottom-up de inovação comunitária, open source, redes P2P e maker economy.
- A infraestrutura digital distribuída (blockchain, DAOs) viabiliza novas formas de propriedade, confiança e cooperação.
5. Inovação Cultural e Imaginativa
- A inovação também será narrativa, simbólica e cultural.
- Novas imagens de futuro, novos mitos, novas estéticas que desafiem o “futuro usado”.
Estamos decidindo o tipo de futuro que queremos viver! As escolhas de inovação feitas hoje moldam os sistemas econômicos, políticos e sociais dos próximos 20–50 anos. Não basta inovar mais rápido — precisamos inovar melhor e com propósito.
Culturas reativas correm riscos altos
Empresas, governos e instituições que continuam presos a modelos de curto prazo ou apenas incrementais ficarão vulneráveis a:
- Perda de relevância;
- Impactos não antecipados;
- Crises de legitimidade.
A inovação é o motor de futuros desejáveis
A transição para uma cultura de inovação responsável, plural e de longo prazo exige:
- Alfabetização ou Letramento de futuros;
- Modelagem de cenários desejáveis;
- Integração entre inovação tecnológica, social e ecológica.
De criar produtos para criar futuros: A inovação deixa de ser uma corrida por soluções isoladas e passa a ser um meio para navegar incertezas, regenerar sistemas e expandir possibilidades de vida digna. As organizações que entenderem isso em 2025 estarão liderando em 2035.
W Futurismo , Foresight e Futures Studies, Brasil – https://wfuturismo.com/