Artigo Jaqueline Weigel, Gazeta do Sul, 30 de maio de 2022.
Inovação nunca foi novidade. Sempre tivemos que reciclar e reinventar nossos produtos e serviços para acompanhar as novas necessidades do mercado. Com a quarta revolução industrial, entrou em cena a inovação disruptiva.
Segundo Clayton Christensen, inovação disruptiva é a ruptura na forma de fazer as coisas, e a proposição de modelos mais inteligentes, rápidos, baratos e escaláveis, que atendam os problemas sociais de forma mais eficiente. Sempre falamos de melhoria contínua, e sabemos que melhorar não é mais o suficiente.
Os ecossistemas de inovação desafiam o status quo, porque exploram problemas sociais reais, criando soluções que usam a tecnologia para potencializar a abrangência e o resultado, o que traz desafios enormes para todos os segmentos.
Em 2017, ouvi que os “Golias” tradicionais seriam abatidos por pequenos “Davis, rápidos, eficazes, ágeis e muito competitivos, e é isto que observamos hoje em todos os segmentos.
O modelo de inovação adotado pelo Brasil vem essencialmente do Vale do Silício, que é um dos ecossistemas de inovação do mundo, onde muita coisa dá certo, e várias já se mostraram insustentáveis ou apenas uma nova forma de ganhar dinheiro, nem sempre com ética.
Unicórnios milionários continuam surgindo pelo mundo, mas vemos agora “cavalos de raça” surgem por todos os lados, compondo a nova tapeçaria do mundo dos negócios do futuro.
E qual será o futuro da inovação?
Nas comunidades de estudos de futuros, onde trabalhamos para criar visões de impacto de longo prazo, há perguntas sem resposta: porque estamos inovando desta forma e para onde estamos vamos no longo prazo com nossas ações de hoje? A maioria dos centros de inovação não tem resposta consistente, apenas inovam de forma desordenada sem questionamentos profundos.
A inovação move o presente, e precisa de uma estrada de desdobramentos e de longo prazo, ou fará grandes ideias acabarem em nada.
Não temos mais tempo para hesitar. Precisamos consertar o que fizemos nos últimos 100 anos e abandonar os modelos que já não servem mais.
O futuro não deve ser olhado do presente, porque não é uma continuidade lógica do que existe agora. É preciso explorar múltiplas hipóteses e então voltar para o presente com novas descobertas, que nos façam decidir melhor frente às incertezas da nossa era.
A ordem do Século 21 demanda responsabilidade com o longo prazo. Ele não pode mais sair das conversas do presente, ou decidiremos coisas importantes da nossa existência com base em visões frágeis e inconsistentes.
A cultura de inovação já foi imposta como uma condição de continuidade. Precisamos ampliar nossa visão e dar sentido a tudo que estamos fazendo, para evitar o desperdício de tempo, recurso e energia. Viver o presente é só o que temos. Voltar nosso pensamento para o futuro e conectá-lo com o que vivemos no presente, e o grande salto que engaja pessoas em projetos globais extraordinários.