Jaqueline Weigel
As mudanças globais e as tendências de mercado trazem cenários desafiadores, e responder às demandas de forma passiva pode custar a vida de muitas organizações.
A inovação, em alta desde 2015, agora precisa abraçar o olhar de longo prazo, e grandes empresas terão que pensar em novos mercados não apenas em digitalização ou novos produtos. A saída de gigantes como a Ford pode ser uma surpresa para alguns, mas não para quem abre a janela do futuro todos os dias. Sinais sutis estão sempre no ar, e, aos poucos, vão dando um recado consistente de que mudanças mais drásticas são uma questão de tempo em todos os segmentos. Veja mais sobre Inovação Disruptiva.
“Digitalizar não basta, disruptar é necessário.”
A gestão disruptiva é aquela que considera fazer algo de forma radicalmente diferente, e adotar este formato como uma prática constante. Uma gestão que entende mercados que estão sub aproveitados, modelos que não funcionam bem, e abraça oportunidades de fazer algo de forma mais eficiente, que causa impacto social em grande escala, que esteja direta ou indiretamente conectado ao negócio principal e a custos democráticos.
A digitalização da sociedade é uma realidade este ano. Trabalhamos de qualquer lugar, somos atendidos de forma confortável e rápida em quase todas as nossas necessidades. A vida híbrida vem ocupando um espaço considerável em nosso dia a dia. Fazer colaboradores e clientes perderem tempo mergulhados em processos burocráticos e engessados passou a ser falta completa de inteligência corporativa.
Consumo consciente e exigente
O consumo continua seguindo a toada de ampliação da consciência. Menos é mais. Praticidade está dando lugar à sustentabilidade, ao questionamento diário. Produtos industrializados perderam o glamour, embalagens plásticas começam a se tornar passado e veganos, orgânicos e sustentáveis são queridinhos da população em todos os lugares do planeta. Um leque infinito de possibilidades de negócio vem se abrindo, mas quem continua afogado em melhoria contínua e produtividade com baixo custo sequer consegue perceber. Apps, serviços e produtos encantadores vem surgindo em todos os cantos do planeta.
“Não há mais dúvida que o futuro é vegano, goste você ou não.”
Este ano, tendências mostram que o país, isolado do mundo, pode sofrer com a escassez de insumos, de forma geral, o que afeta diretamente nossa indústria. Estas adversidades trarão restrições de diversas naturezas para o país e para o mercado. As operações e a logística de produção e abastecimento do país precisarão de revisões imediatas. Cobranças sobre a emissão de CO2, uso de combustíveis fósseis, logísticas com distâncias extremas e monopólio de mercado já eram. As indústrias de óleo e gás, energia e o agronegócio tem um curto prazo para rever seus modelos e estruturas, e já correm sérios riscos de redução, colapso ou extinção.
“Em 2030 ou antes, combustíveis fósseis não serão mais aceitos pela sociedade global.”
Islândia, seguida pela Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia são os países mais comprometidos do mundo com a diminuição da emissão de carbono, segundo O Green Future Index. Índia, Itália, Chile e Colômbia de destacam no compromisso com um futuro verde. Camarões, Emirados Árabes, Filipinas, Bulgária e China tem destaque na lista dos que menos fazem esforços neste sentido. E o Brasil, segue absolutamente desconectado com movimentos do mundo e com seus discursos insignificantes em relação à sua parte especialmente na Amazônia.
“2021 será um ano de cobranças, de reputação, de compromisso e de encolhimento para empresas que não fizerem a lição de casa.”
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A prospectiva deste ano, que está em no estudo de Trends 2021 da W Futurismo, traz riscos, oportunidades e megadesafios. Vivemos um tempo de grandes transfromaqções não mais de adaptações. A bolha da inovação americanizada já não traz mais respostas, e o velho discurso capitalista de produtividade e gestão de custos é absolutamente obsoleto. Só monetizarão empresas que assumirem reais compromissos com os ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, colocarem ESG ( ( Enviroment, Social and Governance ) na pauta de discussão e no compromisso verdadeiro. Gestores e líderes precisam ser exponenciais no comando dos negócios, e capazes de engajar colaboradores e sociedade em prol do bem comum, não apenas de metas.
“Empresas com propósito monetizarão mais do que as que tem o foco apenas em metas.”
Ser disruptivo é compreender que não é preciso excluir o lucro com a entrada do propósito como uma necessidade de dar sentido ao que fazemos corporativamente. É pensar muito além de fora da caixa, é ser sem caixa alguma!
Houve uma verdadeira inversão de prioridades e de foco. Lucro é necessário, mas o propósito traz a razão existencial que justifica o lucro em cima de produtos e serviços, e faz com que a sociedade perceba empresas como sistemas necessários não predadores.
Ambos são necessários, mas sem propósito, não haverá lucro sustentável.
Empresas disruptivas monetizam mais do que empresas tradicionais. Empresas que pensam no futuro, de forma pragmática tem 100% a mais de crescimento e 33% a mais de lucro, segundo o Centro de Pesquisa W Research da W Futurismo.
“Foresight Estratégico não é moda, é inteligência antecipada de longo prazo.”
Por fim, o pensamento de 2021 não deve ser pautado pelo medo. Já sabemos que o cenário continuará o mesmo do ano anterior, e pode piorar. Este ano e talvez em 2022, com as novas variantes do Covid-19 dando alertas pelo mundo, economicamente sobreviveremos, mas não haverá salto milagroso, pelo contrário, teremos que superar ainda mais adversidades.
Navegue na realidade atual fazendo o melhor que pode. Inove todos os dias, mas traga uma razão relevante para a inovação. Sobreviver é pouco para engajar pessoas e para fazer com que consumidores apostem em seu negócio. Não duvide do futuro, ele será instável, imprevisível, inteligente e inédito. Transforme seu negócio completamente. Digitalizar é uma destas importantes etapas, mergulhe nela. Mas saiba que não a etapa final, estamos apenas no começo de 20 anos de transformação radical.
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