Jaqueline Weigel, Jornal Gazeta do Sul, 06 de fevereiro de 2023
A agenda da natureza é a mais forte de nossa era, segundo pesquisa recente do Global Scan. O papel dos negócios na transformação do planeta é crucial. Vivemos um tempo crítico, cheio de crises globais de diferentes naturezas.
Da avalanche digital, regada a burnout e depressões de diferentes naturezas, para a pandemia, a guerra, a instabilidade econômica, a crise de alimentos prevista para este ano, e a desigualdade em números alarmantes. Todos nós, impactados, nos perguntamos para onde vamos com tantas incursões exponenciais ao mesmo tempo.
A natureza exige ser inclusa em todas as pautas sociais e corporativas. Vivemos no século 21 a sexta onda de extinção em massa de espécies do planeta e alarmes climáticos sem precedentes. Segundo a mesma pesquisa, o agronegócio, comida e bebida, energia, mineração e financeiro desempenham os papéis mais importantes na liderança das mudanças e transformações do mundo.
Estamos acompanhando o ritmo que estas mudanças nos exigem? É provável que não.
Entre as barreiras, uma das maiores relatadas pela pesquisa é que ainda não se dá o valor real às questões da natureza, já em colapso. Faltam incentivos do governo, uma abordagem mais integrada de diferentes setores, coragem de fazer escolhas duras que exigem renúncias do hoje em prol do amanhã de longo prazo, e foco excessivo em dados sem entender muito quais são as tratativas para tanta informação.
É preciso mais colaboração. A liderança de todos os setores precisa se engajar com os objetivos de longo prazo e assumir um firme compromisso com o futuro, por vezes, abrindo mão de lucros imediatos.
A pesquisa ainda mostra que os povos indígenas são a parte mais importante da solução das questões ligadas à natureza, já que a conhecem como ninguém e que as abordagens holísticas, multisetoriais e sistêmicas ganharão cada vez mais espaço nos debates do mundo.
Trazendo isso para nosso universo, a mensagem de hoje é que todos nós precisamos abraçar a filosofia do biocentrismo, que preconiza que o homem não é mais o centro do debate e sim a vida, todo tipo de vida. As espécies e o planeta precisam encontrar a harmonia na co-existência, só assim teremos alguma chance de um futuro sustentável.
Não se distraia com metaverso, negócios mirabolantes, chatGPT e todos os modismos de nossa época. Reveja o uso da água, da luz, diminua o plástico, separe o lixo, diminua o consumo de alimentos industrializados, descarte resíduos de maneira correta. Engaje-se de verdade no movimento de conscientização da sua comunidade e de criação de novos hábitos de vida e trabalho. Uma legião de pessoas já está trabalhando por um mundo melhor. Precisamos usar nosso real poder de mudança e assumir uma nova postura: só terá prosperidade quem se engajar com as causas sociais do planeta. O resto apenas sobreviverá contando suas histórias medíocres e sem significado algum.