Jaqueline Weigel, futurista, para Jornal Gazeta do Sul, 19/04/2023
O que fará com que nossa região se destaque no futuro, uma vez que todas as cidades do mundo estão empenhadas em virar pólos de inovação e tecnologia? Os movimentos de inovação, ainda dispersos por aqui, precisam ganhar tração nos próximos anos, e a iniciativa privada precisa participar e investir no assunto de forma intensa e comprometida.
O Brasil anda encantando com os Summits de inovação importados da Europa, que reúnem em uma grande vitrine o melhor do assunto. Qual será o saldo destes eventos e para onde vamos com todo este show? De volta do Rio de Janeiro, onde estive em um palco internacional falando da urgência de ações no presente, percebo o quanto os grandes mercados já mudaram o tom do discurso em favor do longo prazo, sem esquecer os problemas do presente, que a inovação abraça e resolve muito bem. Se não aderirmos agora a este chamado, nada mudará nas próximas décadas, e poderemos estar mais ricos e incapazes de resolver os problemas que se anunciam e que tornarão nossa vida cotidiana quase impossível.
Nossa região é um bom lugar para se viver. Seguro, organizada, limpa e economicamente próspera. Mas para quantas pessoas de fato? Isto inclui a maioria da população ou é um privilégio de poucos? Dependemos de grandes players. E se ele perderem mercado no mundo, forem embora ou deixarem de existir em um médio período de tempo? O que sobra e quais serão nossas alternativas?
A inovação é prioridade e precisa de dinheiro. Só conseguiremos seguir se governo, empresas e cidadãos se unirem nas apostas que moldam nossas próximas décadas. E teremos que investir e apostar entendendo que o retorno não é imediato e nem sempre é financeiro. Não podemos entrar na nova economia com as premissas do velho mundo. É preciso explorar, projetar, criar estratégias múltiplas e investir de forma corajosa na transformação de tudo.
Enquanto o mundo se mobiliza nesta direção, percebo que por aqui, o movimento ainda é tímido. As instituições ainda não tem o apoio massivo das empresas. A universidade, os institutos de tecnologia, inovação e empreendedorismo estão fortemente engajados nestas missões, e precisam de apoio e recurso. Além disso, toda sociedade precisa se engajar, ou os talentos locais irão embora, e nosso vale pode ter um futuro medíocre. Ser rico é pouco para o mundo novo. Ter sucesso é relativo, muda de formato a cada ciclo.
Potencial não utilizado vira pó. Estamos perdendo terreno para regiões que criticamos, menos ricas mas com o pensamento mais aberto e ágil. O mundo capitalista não deu certo, fato. Inovar é a única forma de consertarmos e recomeçarmos com dignidade e equidade. Invista nesta ideia, que é muito maior que criar um app ou fazer uma parceria. Aporte capital. O retorno é abundante em termos de reputação, oportunidade e dinheiro futuro.
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