Circulando pelo novo mundo, estou de volta a minhas viagens exploratórias. Costumo unir trabalho e exploração cultural em minhas viagens, de forma que eu possa expandir minha visão, meu conhecimento e meu ferramental profissional para oferecer o que aprendo para a sociedade, em benefício da evolução coletiva.
Participei da conferência The Openess of Futures, da maior federação de Estudos de Futuros do mundo, da qual faço parte como profissional. No palco, falei sobre como minha empresa usa o Foresight e a prospectiva estratégica de Michel Godet, para complementar o tradicional planejamento estratégico nas organizações, já que o modelo tradicional não responde mais às demandas do mercado. Para minha surpresa, o impacto do meu trabalho no Brasil entre futuristas experientes foi maior do que eu esperava. O assunto é pouco conhecido no Brasil, mas tem sido muito aplicado pela minha equipe em empresas brasileiras com resultados extraordinários, mesmo em tempos de pandemia.
Na Europa, as pessoas já andam pelas ruas sem máscara, todos vacinados e testados. Em locais fechados, a apresentação da vacina em duas doses e o uso da máscara é obrigatório, sem deslizes. Os números na Europa voltaram a aumentar, e a preocupação entre a população é enorme.
Vi protestos verdes na cidade pedindo menos carros nas ruas. Bicicletas, patinetes, energia renovável e inovação por todos os lados. Aqui, a vida é simples, fácil e digital. Berlim é um paraíso para os veganos, e uma cidade a caminho da governança sustentável.
Nossa conferência foi aberta pelo chanceler Helge Braun, ministro para assuntos especiais do governo alemão, que mostrou como a pauta de futuro é importante por aqui. Os debates foram em torno de democracia, educação, ética, e consciência humana, que precisa responder de forma urgente aos alertas sobre o clima e sobe a desigualdade, pautas mais relevantes dos pensadores globais. O desenvolvimento sócio econômico do novo mundo deverá ser lento nos próximos anos, mesmo em tempo de transformações aceleradas. A segurança da vida humana nas próximas décadas depende dos limites éticos da tecnologia, e das decisões que tomamos agora.
Sobre o Brasil, confesso que a receptividade não é das mais animadoras. Somos considerados o país mais perigoso do mundo, e um lugar instável para se investir. De país promissor, passamos a ter uma imagem maculada e esculhambada aos olhos do mundo. Precisamos seguir engajados na pauta política mas cada vez mais protagonistas na construção do país que desejamos.
É o povo quem define o futuro não os governos, que muitas vezes só atrasam o desenvolvimento. É tempo de viver intensamente a pauta coletiva, e nos apropriarmos das temáticas que mudarão nossa realidade. Aproprie-se do seu futuro. Se você se distrair ou continuar ocupado somente com as tarefas do presente, alguém moldará o futuro por você.
Jaqueline Weigel, futurista, para Jornal Gazeta do Sul, 01/01/2021