Jaqueline Weigel para Jornal Gazeta do Sul, 18/04/2022
É incrível como a maioria das pessoas se limita a reagir apenas, ou a responder às mudanças quando elas se tornam inegociáveis. Esta é uma boa fórmula de gastar mais energia do que se precisa, e de desperdiçar um rico tempo de vida, que nos é oferecido de forma gratuita e abundante pelo universo.
Quando falo que meu trabalho é estudar o futuro, a grande maioria das pessoas não compreende o que isto significa, e sequer sabe que existem ferramentas e instrumentos que nos ajudam a fazê-lo como em qualquer outra disciplina.
Somos engenheiros preditivos, profissionais que pensam no que pode acontecer antes que aconteça, e que preparam caminhos múltiplos de resposta, para que não haja tanto trauma na hora que o desafio da mudança se apresenta. Como bombeiros que fazem a inspeção de um prédio e garantem o mínimo de recurso no local caso algo ali aconteça.
Pensar no futuro de longo prazo é uma forma pensamento que governa a vida de quem é antecipatório e está sempre a frente do seu tempo.
J[á que o futuro é uma pauta do presente, empresas precisam aprender a detectar sinais que impactarão os negócios de forma preditiva e antecipada, e conectar estes sinais e seus impactos com a resposta que a empresa precisa dar para seu mercado consumidor. Esta é a única forma de se manter no jogo no século 21.
Também precisam garantir que há pessoas dentro do negócio olhando para frente, não apenas para os problemas atuais.
87% das pessoas não querem falar de futuro, e dizem não ter tempo para fazer isso. Segundo o paquistanês Sohail Inaytullah, se você não tem tempo para moldar seu futuro, alguém o fará por você.
No Brasil somos predominantemente imediatistas. Não questionamos muito sobre o que estamos fazendo, nem para onde estamos indo. Tribos indígenas tomam decisões pensando nas próximas sete gerações.
Sua vida não é composta de acasos e sim de escolhas. Seu negócio não dá certo ou errado por causa da economia, da política ou do mercado, mas sim pela sua gestão e pelas suas escolhas.
Quem escolhe o conforto, colhe problemas e desconforto. Quem aceita viver o desconforto temporário de tempos em tempos, começa a colher algo mais robusto e estável.
Se voltássemos no tempo, será que teríamos feitos as mesmas escolhas? O mundo vive hoje o resultado de suas más escolhas nos últimos 50 anos. Países como a Finlândia não são os países perfeitos e felizes, e sim países que olham para o longo prazo de forma sistêmica e por isso estão sempre um passo à frente do mundo.
Não há cenário perfeito, há um mundo paralelo habitado por pessoas que olham para além do óbvio, e lideram o mundo e os negócio da sua geração, simplesmente porque deixam o óbvio de lado e pensam na frente dos demais.