Em todas as esquinas ouvimos sobre a crise. Ela bateu na porta de pequenas e médias empresas e terá reflexos na vida de todos nós. Como comportar-se de maneira positiva frente a uma adversidade que promete durar mais dois anos?
Na minha percepção, estamos em um shake econômico no mundo inteiro e, no Brasil, em um terremoto comportamental. Resultado da crise político econômica do país somada à fanfarrice da maioria dos brasileiros que optaram por “deixar a vida me levar”. Há uma verdadeira mudança de modelos e formatos no ar, e parece que nada voltará a ser como era antes. Também olho para trás e penso que vivíamos uma fantasia de que em tão pouco tempo o país explodiria em crescimento e saltaria do terceiro para o primeiro mundo como em um passe de mágica. Planejamento ruim, gestão corrupta, cultura de malandro, incompetência por todos os lados. Mais do que acusar um personagem ou um partido, temos que fazer a real lição de casa: mudar nossas cabeças, nosso pensamento e nosso jeito de agir frente à vida e aos negócios. Estudamos pouco, planejamos mal, levamos a vida no dia a dia com o jeitinho brasileiro, egoísta e fracassado. Temos que nos reinventar individual e coletivamente. Esta crise nos sacode, sacode nossa cultura e nossos paradigmas, que estão sendo quebrados como casca de ovo. Há anos falo em salas de liderança que a mudança não é uma opção e sim uma condição. Os surdos e resistentes sofrerão mais agora.
Quem se preparou para a turbulência passará por ela de forma equilibrada. Quem se distraiu pagará um preço alto pela soneca e agora terá que correr atrás do próprio rabo. As empresas estão revendo seus modelos, seus custos, sua forma de conduzir o negócio. Os profissionais refletindo sobre a carreira e estudando mudanças e novos posicionamentos. As pessoas estão mais conscientes de que temos uma parte da responsabilidade na criação de todo este caos. Votamos mal, nos esquivamos da política, cuidamos de nossas vidas e não nos importamos muito com o todo. Esta é a receita para o fracasso geral de um povo. Vivemos uma fantasia. Achávamos que éramos o melhor futebol do mundo, que nosso presidente sem estudo e carismático era o “cara”, e que poderíamos continuar nos dando bem mesmo que o governo roubasse ou desviasse tudo que nos pertence como povo. “Aqui é assim”, “Isso nunca vai mudar”, “Rouba, mas faz”, “Não pago imposto porque não tenho retorno”…quantas vezes ouvimos frases ridículas e contrárias à prosperidade como estas?
É hora de mudar nosso modelo mental, nossa atitude. Em tempos de crise, é preciso inteligência emocional e criatividade. Novos líderes surgirão. Novos modelos serão implantados. O que parecia uma ideia distante passará a ser realidade. Viveremos de forma mais econômica, trabalharemos para construir as coisas e especular menos. Vivemos na Ilha da Fantasia e agora o mágico da ilha será preso, e nós, os bobos da corte, pagaremos o preço centavo a centavo.
Penso que é tempo de refletir sobre nossa forma de viver, trabalhar, conduzir os negócios e as comunidades. Temos pontos positivos como brasileiros: a flexibilidade, o carisma e a simpatia. Em contrapartida, nosso modelo de educação é fraco, as escolas de negócios questionáveis. Planejamos mal, perdemos o foco, não temos disciplina. Somos imediatistas, queremos mágica, saltos, volume, rapidez, lucro alto. Somos pequenos como seres humanos, não assumimos erros e levamos tudo para o lado pessoal. Somos rudes ainda, às vezes grosseiros e pouco conscientes do nosso papel como cidadãos do país e do mundo. Minha opinião? NÃO, mas sim que percebo e ouço quando viajo para outros países. O mundo corre do Brasil hoje. Com razão. Precisamos virar este jogo. Este é um excelente momento para abraçar esta causa.