É necessário demonstrar proatividade para antever os cenários, não pensar de maneira imediatista e, sim, em médio e longo prazo.
A retração de mercado tem levado muitas pessoas a repensarem a sua trajetória profissional. Para Jaqueline Weigel, senior coach executiva da Weigel Coaching, mudanças de rumo estão mais intensas nos dois últimos anos e simbolizam a necessidade dos profissionais se questionarem e buscarem aceleração em suas carreiras em um mercado cada vez mais competitivo. Diante das adversidades, ela ressalta a percepção e a necessidade de sair da inércia e procurar novos ares. Isto não significa, necessariamente, que mudanças sejam fáceis de serem conduzidas. “É preciso coragem. Para criar uma nova história, é necessário saber o que quero ser e para onde vou”, afirma Jaqueline.
Profissionais estão repensando mais suas trajetórias de carreira?
Percebo uma mudança de rumo mais intensa nos dois últimos anos, período no qual o mercado se mostra retraído. São profissionais que buscam recolocação ou estão insatisfeitos em seus postos de trabalho. Eles têm enxergado a necessidade de deixar a inércia, sair da zona de conforto.
Esta insatisfação se justifica apenas pelo momento econômico adverso?
Não apenas por isto. Acredito que ele colabora para os profissionais buscarem mudanças de rumo em suas carreiras. Porém, observo insatisfação também a partir de uma mudança comportamental, de atitude. Profissionais querem um trabalho no qual não implique perder qualidade de vida. E, felizmente, algumas empresas já se conscientizaram de que a felicidade é fundamental para motivação de seus colaboradores. Trabalho não pode ser visto como tortura, oito horas por dia, cinco dias por semana. Não se pode abrir mão da vida por causa do trabalho.
Isto implica mudanças nas relações de trabalho?
Elas já estão mudando. É cada vez maior o número de profissionais trabalhando de maneira remota, exercendo o home office ou trabalho em casa. E não é só a forma de trabalho que está se transformando. As leis também deverão ser alteradas. Estabilidade e determinados direitos trabalhistas estão com os dias contados. É preciso enxergar esta nova realidade.
Mesmo insatisfeito, é difícil para o profissional optar por mudanças?
Mudar pede coragem, renovação, equilíbrio e ponderação nas decisões. Porém, vivemos um momento em que mudança não é opção, mas condição de sobrevivência, especialmente para profissionais que se mostram pouco produtivos, perdidos, sem entender a necessidade de mudar o rumo de sua carreira para não se tornar irrelevante para o mundo do trabalho.
E como evitar esta situação?
Primeiro é preciso ressaltar que planos de vida e carreira devem andar juntos. É necessário demonstrar proatividade para antever os cenários. É fundamental ainda não pensar de maneira imediatista e, sim, em médio e longo prazos. Enfim, cabe ao profissional tomar as rédeas de sua carreira.
O mesmo vale para quem deseja ter o próprio negócio?
Sim. São muitos os casos de profissionais que estão fora do mercado de trabalho e veem na criação de um negócio próprio a alternativa para obtenção de renda ou mesmo para mudança de vida. Entretanto, na maioria das vezes, não se trata de uma ação pensada, pois não há o devido planejamento para esta tomada de decisão. Eles não se preparam adequadamente para esta transição de empregado para empresário.
O que fazer para que esta transição seja bem-sucedida?
O negócio próprio não deve ser observado como salvação para quem, repentinamente, se viu fora do mercado de trabalho. Empreender é uma oportunidade e não uma necessidade. Visto assim, as chances do negócio ser bem-sucedido são maiores. Para criar uma nova história e novas possibilidades é preciso saber primeiramente o que eu quero ser para saber para onde vou.