É tempo de realismo. O pessimismo não ajuda e o otimismo pode ser aprendido, e sempre influencia a situação à nossa volta. Mesmo otimistas, precisamos olhar a vida com uma dose de realidade. Vivemos um momento histórico como povo e os desafios nos farão amadurecer. Precisamos readequar nossa vida e aprender a lidar com o cenário caótico e com recursos cada vez mais escassos. Existe um quociente chamado Quociente de Adversidade, amplamente estudado por Paul Stoltz, que nos ajuda a passar por momentos adversos de forma inteligente. A premissa desta habilidade é identificar que fatores externos estão fora do nosso controle. A única opção que nos cabe é a forma com que reagimos a esses eventos. É interessante observar o que está sob nosso comando, que responsabilidades assumimos sobre o que controlamos, como podemos blindar as demais áreas de nossa vida e como lidamos com a finitude da adversidade, que certamente em algum momento terá fim. Nada é permanente, mas esta é uma verdade que demoramos em aceitar. Fazer drama ou desesperar-se não resolve, pelo contrário, piora a situação e o cenário. Ficamos descompensados, frágeis, doentes, e a utilidade disso é nenhuma. Como brasileiros, estamos lidando todos os dias com a frustração, indignação, com novos medos já que o anúncio do que está aí e do que vem pela frente é cada vez mais grave. Temos previsão de passar dois anos em dificuldades, mas isto não significa o fim de tudo que construímos. Talvez possa significar um novo começo.
O fato é que é preciso engajar-se além de envolver-se e protestar. Fazer um esforço extra para aliar forças com outros cidadãos e lutar, sair da zona de conforto e colaborar socialmente. O que cada um de nós pode fazer hoje mesmo para que possamos melhorar a qualidade da educação, da saúde e a construção de atitudes cidadãs dos integrantes das comunidades? A impressão que tenho é que quem menos tem, mais faz neste sentido. Se todos mudarmos algo em nossas casas já estamos semeando um novo começo. Se ajudarmos familiares e amigos já expandimos este movimento, e se conseguirmos pensar em todas as pessoas que estão a nossa volta colaboramos fortemente na criação de uma nova cultura social, pilar fundamental para que o Brasil seja um país sustentável. Saia para um passeio, conheça as necessidades e obras da sua comunidade em andamento, identifique-se com causas sociais e experimente ajudar. Qualquer ajuda é bem vinda.
Além disso, redesenhe sua vida. Economize luz, água, recolha lixo, eduque as crianças, leia sobre politica, sobre o mundo. Gaste menos, seja mais simples. Não fale dos outros, não gaste tempo com coisas irrelevantes. No futuro, ao contar sua estória, você sequer lembrará das coisas efêmeras. Luxo hoje em dia é ter pouco e ser muito. Seja o novo brasileiro que um país repaginado precisará assim que acabar a faxina.
