Futuros do Capital no Brasil e no Mundo

por | mar 2, 2020 | Sem categoria

No dia 13 de Feveriro, no Rio de Janeiro, ocorreu o evento Converge Capital Conference, que reuniu executivos de grandes empresas, membros de famílias de alta renda, representantes de institutos e fundações do mercado financeiro nacional com o objetivo de pensar sobre práticas empresariais sustentáveis e compor um portfólio que invista em empresas éticas e com boas práticas.

Neste evento, participei do painel “As perspectivas dos estudos sobre o futuro diante dos desafios globais”, juntamente com o cientista político Sohail Inayatullah, consultor da Unesco, e do futurista suíço Gerd Leonhard.

Ao ser questionado sobre a preocupação disseminada com os investimentos sustentáveis, Gerd afirmou que, num futuro próximo, absolutamente tudo irá girar em torno da sustentabilidade: tecnologia, energia, alimentos, etc. Ser sutentável vai se tornar o novo normal. O que se chama de capitalismo sustentável  agora é um tópico importante em todos os lugares. Investimentos irresponsáveis ​​em empresas e produtos que destroem pessoas ou o planeta serão equivalentes a  cometer um crime.

Em relação aos principais desafios para a próxima década, o futurista suíço citou a emergência climática e a consequente necessidade de mudança para uma economia sustentável e a ‘emergência humana’, isto é, muita tecnologia que ameaça nossa humanidade. Basicamente, dentro de 10 a 15 anos teremos toda a tecnologia de que precisamos para resolver energia, água, alimentos e doenças – mas teremos vontade política e governança sábia? Segundo Gerd, precisamos de um novo renascimento humano, já que a tecnologia não é a nossa salvação nem a nossa desgraça: ela é um ferramenta que deve ser regulada e equilibrada. O futuro pode ser o paraíso ou o inferno, dependendo de como o governarmos.

O paquistanês Sohail Inayatullah, por sua vez, destacou que uma profunda mudança cultural está acontecendo em vários níveis diferentes. Para ele, é preciso haver no Brasil uma liderança legítima que se mantenha comprometida com uma visão de onde o país pretende chegar em 2030, por exemplo. Além disso, é necessário um entendimento da narrativa atual da nação para trabalhar em direção a uma nova história. O consultor da Unesco acrescentou que, quando estava na 5ª série, em 1966, e morava em Nova York, fez um projeto sobre o Brasil, lendo tudo o que pôde sobre o assunto. Ficou com a memória de que o Brasil era o “gigante adormecido”. Ele conseguiria acordar? Qualquer que seja a nova história do Brasil, é preciso que haja uma maneira de medir essa história. Se for apenas crescimento econômico, o PIB é uma ferramenta adequada. Se houver crescimento econômico inclusivo, é necessário mais. Se for crescimento com inclusão com a natureza, é necessária uma medida diferente. E o orçamento precisa refletir a nova narrativa e os critérios de medição. Juntamente com as medições, é necessário criar marcos regulatórios, de modo que o sistema legal esteja alinhado com a história e a medição. Portanto, segundo Sohail, um futuro melhor precisa de liderança com uma visão compartilhada, de uma nova narrativa, de maneiras de garantir que a história seja medida e de regras e regulamentos para apoiar essa transição.

Quando chegou minha vez de falar, iniciei pautando a falta de comprometimento com o Acordo de Paris, que atrasa o engajamento das principais nações do mundo frente à emergência climática. Fiz uma colocação que senti que mexeu com a plateia: “Os grandes investidores precisam discutir o que o seu capital está nutrindo. Mudar o mundo é mudar a si mesmo e o seu entorno”. Parti dessa afirmação para ajudar os empresários e empreendedores a elaborarem uma ideia de futuro em suas mentes e se conectarem com essa ideia. Isso evita que as decisões de impacto sejam tomadas por pessoas que querem preservar o passado, e que fazem de tudo para sabotar as pessoas que tentam refletir sobre um futuro inovador.

Devido a esses sabotadores do futuro, o dinheiro ainda não está direcionado a alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis – ODSs – que a ONU estabeleceu para serem cumpridos até 2030. As organizações que não escolherem alguns desses objetivos para se tornarem sustentáveis e colocarem seus negócios a serviço da sociedade global vão perder mercado. Para criarmos um mundo abundante e com menos desigualdade, precisamos transcender as prisões da mente e nos transformarmos. Sabemos que os números do planeta não estão bons, os do Brasil também não. Não é governo. Somos nós. Precisamos mudar a nós mesmos para ajudar a mudar o nosso mundo global.

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