O futuro não cabe no Excel! Não saber lidar com o abstrato pode ameaçar sua empresa.
Jaqueline Weigel, 16 de setembro de 2025.
Há um paradoxo curioso nas salas de conselho e nos comitês executivos: todos dizem que é preciso inovar, antecipar tendências e construir o futuro… mas poucos estão realmente dispostos a enfrentar a essência do futuro: a incerteza.
A verdade é que a maioria dos executivos foi formada em um modelo mental que simplesmente não conversa com o abstrato. Altamente treinados para buscar controle, previsibilidade e eficiência, foram ótimos para o passado, e insuficientes para o que vem pela frente.
O vício do concreto impera no dia a dia, decisões são tomadas com base em números sólidos: receita, market share, ROI. O problema é que as projeções de futuros e a inovação operam em outro plano — onde ainda não existem métricas, apenas sinais fracos e hipóteses. Trabalhar com possibilidades, e não certezas, provoca desconforto em lideranças que associam solidez à segurança. Resultado: paralisia. E paralisia é o caminho mais curto para a irrelevância.
O pensamento linear aprisiona. A lógica dominante no C-level ainda parte de uma suposição perigosa: de que o futuro será apenas uma linha reta a partir do presente. Só que o mundo atual é tudo, menos linear — é complexo, interdependente, exponencial. Mudanças regulatórias surgem do nada, tecnologias explodem do dia para a noite, cadeias de valor colapsam, consumidores mudam de comportamento em semanas. Quem pensa o futuro como continuação do presente fica míope — e essa miopia estratégica é letal.
Boards e conselhos foram moldados por décadas na lógica da aversão ao risco. Pensar em cenários alternativos parece “sonhador” ou “inseguro”. Isso mata a imaginação estratégica. Em vez de explorar o desconhecido, as lideranças se agarram ao conhecido — e deixam passar os sinais que poderiam revelar futuros disruptivos. Não por acaso, apenas 1,2% das empresas olham para horizontes além de 10 anos. O resto está preso no curto prazo, correndo atrás do próprio rabo.
A tirania do resultado imediato coloca no foco a régua trimestral de sucesso, e não há oxigênio para olhar além do próximo relatório de resultados. Só que #Foresight exige tempo, profundidade e visão sistêmica. Sem isso, a empresa até pode bater metas… mas vai tropeçar no futuro. Porque enquanto corre para entregar o presente, deixa de construir as pontes que garantiriam sua relevância daqui a dez anos.
Pensar futuros exige imaginação, empatia e flexibilidade mental — competências raras no topo das organizações. Muitos executivos se sentem desconfortáveis com exercícios que envolvem ambiguidade, narrativas especulativas e ruptura de paradigmas.
2026 como ponto de virada
A dificuldade de lidar com o abstrato e o incerto não é um detalhe comportamental. É uma ameaça estratégica.
- Empresas que não exploram futuros possíveis reagem tarde às disrupções.
- Organizações com baixa imaginação estratégica deixam escapar oportunidades emergentes.
- Líderes presos ao curto prazo ignoram tendências que poderiam redefinir seus mercados.
Sobreviver não será mais suficiente. Liderar exigirá coragem para navegar no desconhecido e transformar o desconforto em vantagem competitiva.
#Foresight não é um luxo intelectual: é uma competência essencial. Tentar construir o futuro com as ferramentas do passado pode fechar as portas do porvir antes do tempo.
www.wfuturismo.com – Futures Studies e Foreisght, Brasil
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