Jaqueline Weigel, futurista, para Jornal Gazeta do Sul, 29/05/2023
A tecnologia é um dos pilares do futuro e uma grande ferramenta de transformação do Século 21, mas o futuro não se resume a este assunto. Ela tem sido uma força transformadora na sociedade, impulsionando o progresso em diversas áreas, desde a medicina até a comunicação.
No entanto, o avanço acelerado da tecnologia, dividida em três categorias, física, digital e biológica, também apresenta desafios e riscos significativos que estão em discussão acelerada no mundo.
Vivemos o auge da crise ética do assunto, e enquanto ela avança, o mundo discute o que ela pode representar para o planeta no futuro. Temos riscos maiores que o risco nuclear: o do uso de armas biológicas, que segundo Jason Matheny, CEO da RAND Corporation e responsável pela segurança nacional americana.
Quando o aspecto é privacidade e segurança, temos preocupações crescentes. Empresas e governos têm acesso a informações íntimas da população, e levanta dúvidas sobre o uso e o compartilhamento desses dados. Nas megatendências globais já mapeadas, sabemos que os dados sem as devidas tratativas terão uma desvalorização enorme nos próximos anos, mesmo tendo sido anunciados como o novo petróleo.
Outra fonte de preocupação é a crescente ameaça de ciber ataques e violações de segurança, que colocam em risco informações sensíveis, como dados financeiros e de saúde, por exemplo.
A tecnologia oferece oportunidades para o progresso, mas tem agravado a desigualdade social porque aqueles que não têm acesso ou conhecimento suficiente podem ficar excluídos, e com isso ampliamos ainda mais a lacuna social.
A automação e a inteligência artificial têm o potencial de substituir empregos, resultando em desemprego estrutural e aumento das disparidades econômicas.
A tecnologia tem se mostrado, especialmente quando se trata de smartphones, mídias sociais e jogos online. Burnout e depressão aumentaram de forma estarrecedora nos últimos anos. O uso excessivo pode levar ao isolamento social, problemas de saúde mental e dificuldades de concentração. A dependência tecnológica vem afetando negativamente o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, prejudicando os relacionamentos e a produtividade profissional.
A disseminação rápida de informações proliferou notícias falsas e aumentou a capacidade de manipular informações colocam em risco a democracia e nossa capacidade de tomar decisões. Algoritmos personalizados criam bolhas de filtragem, reforçando opiniões preexistentes e dificultando a exposição a diferentes perspectivas.
Questões éticas complexas que precisam ser consideradas. O desenvolvimento da Inteligência Artificial vem levantando debates em todo mundo sobre a responsabilidade por ações automatizadas e potenciais vieses algorítmicos. Além disso, a tecnologia usada para fins militares ou de vigilância pode ter implicações significativas para os direitos humanos no futuro.
AI, estrela ou vilã? Poucos entendem os diferentes níveis da Inteligência Artificial: narrow, general e superinteligente, e seguem deslumbrados com tudo que ela proporciona. Vivemos um momento de virada, e é agora que temos que debater até onde a tecnologia pode realmente avançar para que humanos e todas as espécies possam viver em harmonia no planeta.
Temos que abraçar a tecnologia sem nos tornarmos reféns dela como vem acontecendo. Ela precisa de recuo, de debate e de uso saudável: ela é uma ferramenta de transformação não uma entidade desgovernada que pode ameaçar o futuro plausível que a maioria de nós deseja.
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